«Vamos subir a Jerusalém»
Dá-Te a mim, meu Deus, dá-Te sempre a mim. […] Descansamos no dom do teu Espírito; aí Te gozamos, aí está o nosso bem e o nosso repouso. Aí, o amor educa-nos, e o teu Espírito, que é bom, exalta a nossa baixeza, arrancando-a às portas da morte (Sl 9,14). Na vontade boa, encontramos a paz.
Um corpo, pelo seu peso, tende para o seu lugar próprio; o peso não significa necessariamente ir para baixo, mas para o lugar próprio de cada coisa. O fogo tende para cima, a pedra para baixo […], cada coisa para o seu lugar próprio; o óleo sobe para cima da água, a água desce para baixo do óleo. Se uma coisa não está no seu lugar, não está em repouso; mas, quando encontra o seu lugar, fica em repouso.
O meu peso é o meu amor: é ele que me leva, para onde quer que me leve. O teu dom inflama-nos e leva-nos para cima; ele abrasa-nos e nós vamos. […] O teu fogo, o teu fogo bom, faz-nos arder e nós vamos, subimos para a paz da Jerusalém celeste – porque encontrei a minha alegria quando me disseram: «Vamos para a casa do Senhor!» (Sl 121,1) É para aí que a vontade boa nos conduz, porque esse é o nosso lugar, aí, onde nada mais desejaremos do que permanecer assim para toda a eternidade.
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Confissões, XIII, 9