«Maria pôs-se a caminho» – Beata Isabel da Ssma. Trindade, carmelita

Parece-me que a atitude da Virgem durante os meses que decorreram entre a Anunciação e a Natividade é o modelo das almas interiores, dos seres que Deus escolheu para viverem no Seu íntimo, no fundo do abismo sem fundo. Em que paz, em que recolhimento Maria se terá entregado a todas as coisas, divinizando as mais banais! Pois a Virgem adorava o dom de Deus através de tudo, o que não a impedia de se entregar aos outros sempre que se tratava de exercer a caridade.

O Evangelho diz-nos que «Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se às pressas para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel». Nunca a visão inefável que contemplava em si própria diminuiu a sua caridade porque, diz um piedoso autor [Ruusbroeck], se a contemplação «a leva ao louvor, e à eternidade do seu Senhor, ela possui a unidade e não a perderá. Quando lhe chega uma disposição do céu, volta-se para os homens, compadece-se de todas as suas necessidades, inclina-se sobre todas as misérias; é necessário que chore e que fecunde. Ela ilumina como o fogo; como ele, queima, absorve e devora, elevando para o céu o que consumiu. E, depois de realizar a sua ação aqui em baixo, levanta-se e retoma, escaldante com o seu fogo, o caminho das alturas».

Beata Isabel da Ssma. Trindade (1880-1906), carmelita
O Céu na fé (Primeiro retiro), décimo dia

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