Dom Juventino, obrigado por seu legado de humanidade e fé!

Pelo Facebook, Ivo Kestering, idôneo representante da Família Kestering/Kestring, assim se manifestou ao saber da morte do seu/nosso primo Dom Juventino Kestering:

“A família Kestering no Brasil perde seu nobre descendente. O único Bispo da família no Brasil, desde 1862, quando a única família com sobrenome Kestering emigrou para o Brasil”.

Eis o meu comentário, a partir da declaração acima:

Caríssimo primo Ivo Kestering, parentes, amigos e todos/as!

Realmente nós, da família Kestering/Kestring passamos por um momento de imensa dor com a partida do nosso querido Dom Juventino Kestering! Quanta falta nos fará! Não vamos, porém, permanecer no lamento e na saudade porque confiamos na palavra de Jesus: “”Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11,25). Acreditemos, de fato, nessa luminosa afirmação do nosso único Mestre e Senhor! E não só numa perspectiva de pós-morte! Jesus auto-declara-se a ressurreição e a vida para já, agora! No Caminho de Jesus, ainda que cientes das nossas fraquezas, porém, ancorados na misericórdia divina, podemos viver momento após momento como ressuscitados, enxertados no seu Corpo Místico, frutificando em boa obras! Dom Juventino viveu assim a sua vida humana e cristã! Deixa para nós um legado de forte testemunho da fé que ele e nós recebemos de nossos pais, de nossos antepassados!

O bispo diocesano de Tubarão, Dom João Francisco Salm, ao dar a notícia do falecimento do seu colega bispo Dom Juventino aos diocesanos de Tubarão, expressou algo que santamente nos orgulha e nos incentiva! Dom Salm referia-se à Família Kestering/Kestring como uma família engajada nas comunidades da sua Diocese. E não só na Diocese de Tubarão.  Onde está presente essa família, não faltam catequistas, ministros, membros de conselho administrativo etc. Constata-se que, desde os nossos antepassados, nossa nobreza como grande família, verdadeiro povo, deriva daí: Colocar nossos dons e carismas a serviço da Igreja e do Reino! Como sugere a parábola dos talentos (Mt 25,14-30)! Destaca-se, nesse sentido, o carisma do canto e da música, tão característico dos Kestering/Kestring! Com o toque de instrumentos musicais, a voz distinta e afinada, nossa família louva o tri-úno Deus e presta valioso serviço litúrgico às comunidades onde reside! Que assim possamos continuar: manifestando nossa nobreza de opções! E, quem sabe, cativando muitos outros à mesma atitude de fé, de doação!

Há que se reconhecer no bispo de origem tubaronense, ainda, o perfil de bispo conforme o Concilio Vaticano II. Seu espírito de despojamento era sempre visível, A ele, assim, sempre tinham acesso ao Pastor as pequenas e pobres ovelhas. Como modo de facilitar a aproximação das pessoas, não se afeiçoava a paramentos por demais pomposos, ainda que a eles tivesse direito!

Maria Della Giustina, valente líder cristã na Diocese de Tubarão, aliás tendo expressado sua gratidão a Dom Juventino por lhe ter enriquecido sua vida de fé com suas atraentes palestras e reflexões, ela fez-me chegar a informação de que, pouco antes de ser entubado, o bispo de Rondonópolis-Guiratiba pediu duas coisas: o sacramento da Unção dos Enfermos e que no seu velório e sepultamento, em vez de coroas de flores, os amigos e pessoas de fé trouxessem cestas básicas! A imagem ao lado ilustra bem essa derradeira e expressa vontade, gesto inequívoco da caridade que, naquele momento, inspirava o moribundo bispo!

Dom Juventino lembra e lembrará sempre para nosso clã, a importância, a necessidade, da convivência dialogal e pacífica com todas as demais famílias. Nos seus setenta e três anos de vida terrena, o bispo Kestering não viveu fechado em seus projetos e ideias. Não. Ele viveu e trabalhou irmanado aos demais sacerdotes, bispos, lideranças comunitárias/eclesiais. Autêntico ícone do amor fraterno, da comunhão, da sinodalidade! Incentivo e luz para que não só os religiosos, padres, consagrados e consagradas, vivam assim, mas para todos os membros Kestering/Kestring, de qualquer cultura, nação em que residam, idosos ou jovens, praticando as mesmas virtudes!

Sem dúvida, os ministérios litúrgicos talvez sejam os de necessidade mais imediata e mais aclarados pelos líderes religiosos das nossas comunidades. E por isso, mais preenchidos pelos membros de comundiades. Mas outra face da vida comunitária não é menos importante. É a caridade, as boas obras! Nosso ilustre parente Juventino exerceu também esta dimensão da sua missão com maestria. Foi ao encontro das minorias, dos pobres, dos indígenas, dos migrantes. Os Evangelhos insistem que nesse socorro aos necessitados e sofredores reside nossa prova para ganharmos o paraíso. Pois é muito clara e incisiva a afirmação do Salvador: “Tudo o que fizerdes aos menos dos meus irmãos é a mim que fazeis” (Mt 25,40). Ver Kesterings/Kestrings inseridos na sadia política, aquela que promove os pequenos e fragilizados; vê-los nas pastorais sociais da Igreja, Pastoral da Criança, Pastoral da Sobriedade. Pastoral Carcerária, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Saúde, Pastoral dos Migrantes e Refugiados, será sinal de que vivem como ressuscitados, a exemplo do bispo Kestering.

Não por último, gostaria de evidenciar a fidelidade de Dom Juventino à sua missão nos momentos de dor, pelos quais passou em sua trajetória. Desde os inevitáveis desafios, incompreensões, próprios da missão de pessoa humana e de bispo; o câncer que enfrentou e com o qual, em contínuo acompanhamento médico, valentemente conviveu; a contaminação do COVID-19 superada; os últimos momentos no leito de UTI. A acolhida e o enfrentamento da cruz de forma sábia, generosa e esperançosa, com certeza, talvez seja a marca mais evidente do verdadeiro discípulo missionário de Jesus. Relatam os boletins sobre o estado de saúde da Diocese de Rondonóplis, MT, que no momento em que os médicos propuseram-lhe ser entubado como alternativa favorável à sua cura, ao mesmo tempo incerta, imediatamente, o bispo disse o seu “Sim”! Lembra o Sim de Maria, adesão total à vontade de Deus, inclusive debaixo do Crucificado, seu filho, no intuito de tornar-se instrumento do plano de amor e salvação do Pai. Assim foi Dom Juventino: entregou-se ao misterioso e salvífico amor de Deus! Talvez tenha sido este o momento mais eloquente da sua vida missionária/consagrada. Como Jesus, que não nos salvou definitivamente no Tabor ou nas bodas de Caná, ou na multiplicação dos pães ou nas encantadoras pregações da sua mensagem! Ele nos salvou dando a vida por cada um e cada uma de nós, entregando-se para a morte de cruz! Dom Juventino Kestering entregou-se para morrer no seu leito de UTI, em meio aos tubos de oxigênio, sedado pelos medicamentos convenientes para os quadros clínicos que iam se sucedendo, até chegar ao término de seus sinais vitais, à sua morte!
Perdemos um luminoso caminhante desta terra! E ganhamos um intercessor no céu!
Descansa em paz, irmão/primo/sobrinho/cunhado/companheiro/bispo/amigo/honra da família, Juventino Kestering/Kestring, obrigado por seu valiosíssimo legado de vida e de fé a todos nós! Descansa na paz de Deus, na paz dos justos!

Texto: Pe. Raul Kestring
Imagens retiradas do Facebook

Leia mais: Faleceu Dom Juventino Kestering (Site Vatican News)

 

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