«E se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais» (Rm 8,11). Agora é um corpo humano natural; depois será um corpo espiritual. Pois, «o primeiro homem, Adão, foi feito um ser vivente e o último Adão um espírito que vivifica» (1Cor 15,45). Eis a razão pela qual «Ele dará a vida aos vossos corpos mortais, por causa do Espírito que habita em vós».
Ah! Que feliz aleluia cantaremos então! Que segurança! Já não haverá adversário, nem inimigo; não perderemos nenhum amigo. Aqui na terra cantamos os louvores de Deus no meio das nossas preocupações; no céu, cantá-los-emos numa perfeita tranquilidade. Aqui cantamo-los em face da morte; no céu, teremos uma vida que não acaba. Aqui, na esperança; no céu, na realidade. Aqui, somos viajantes; lá, estaremos na nossa pátria. Cantemos portanto, desde agora, irmãos, não para saborear o repouso, mas para aligeirar o nosso trabalho. Cantemos como o fazem os viajantes. Canta, mas sem parar de caminhar; canta para te reconfortares no meio das fadigas. […] Canta e caminha!
O que quer dizer caminha? Segue em frente; faz progressos no bem. […] Vai em frente, caminhando para o bem; avança na fé e na pureza de costumes. Canta e caminha! Não te extravies; não voltes atrás; não fiques parado. Voltemo-nos para o Senhor.
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
Sermão 256 para a Páscoa