1o Domingo da Quaresma: Converter-se e acreditar no Evangelho – Reflexão de Pe. Osmar Debatin

LEITURAS
1ª leitura: Gn 9.8-15 = Aliança de Deus com Noé, salvo das águas do dilúvio
Salmo Responsorial: Sl 24 = Verdade e amor são os caminhos do Senhor
2ª leitura: 1Pd 3,18-22 = O Batismo agora nos salva
Evangelho: Mc 1,12-15 = Foi tentado por Satanás e os anjos o serviam

No início da Quaresma, a Liturgia conduz a Igreja para o silêncio do deserto e convida a refletir sobre dois personagens que recusaram a tentação do projeto do mundo e preferiram aderir ao projeto divino: Noé e Jesus. Noé não cedeu à maldade provocadora de violência e pecado do seu ambiente social e acolheu o projeto divino. Jesus não cede à tentação dos poderes do mundo para poder acolher plenamente o projeto divino. O convite da Liturgia para não ceder à tentação dos projetos do mundo ressoa na voz do próprio Jesus: “convertei-vos e crede no Evangelho”.

1 – Cultura do encontro pelo diálogo
O tema da Campanha da Fraternidade de 2021 convida-nos a promover o diálogo. Dialogar, conversar, é um exercício de respeito, porque quem dialoga precisa ouvir o outro, acolher, respeitar o que o outro diz. Nossa reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade ilumina-se na Encíclica Fratelli Tutti — todos irmãos — publicada pelo Papa Francisco em outubro do ano passado.

O Papa convida o mundo inteiro a promover o diálogo para favorecer a cultura do encontro. E nisso, diz o Papa, as religiões e as Igrejas cristãs têm um papel importante, porque o diálogo entre as religiões deve servir de exemplo para o mundo. É um escândalo que religiões e Igrejas cristãs não se entendam, já que todos cremos no mesmo Deus. O diálogo promove a cultura do encontro, o acolhimento de culturas diferentes, o respeito pela dignidade da vida. Quando dialogamos, quando conversamos, nós nos aproximamos uns dos outros. Uma tentação dos nossos dias é querer dominar o outro; outra tentação é o preconceito, com quem é diferente. São tentações que impedem encontros e causam desencontros.

2 – Tentações na Bíblia e em nossos dias
Quem conhece a história de Noé, sabe que ele viveu num tempo de muito conflito. Sua história encontra-se em Gn 6. A primeira coisa que encontramos na história de Noé é a indiferença e o desinteresse da sociedade para com o projeto de Deus. Cada um fazia do seu jeito, cada um queria ser melhor que o outro, cada um queria ter vantagem em tudo. São atitudes incapazes de diálogo e de encontro. Atitudes que promovem desencontro, discussão, violência.

Noé é exemplar porque não cede à tentação de querer fazer como todo mundo faz. Nós vivemos a mesma situação em nossos dias: indiferença para com Deus, desprezo ao projeto divino, orgulho de querer ser melhor… são as tentações que impedem dialogar, impedem acolher… o outro torna-se um perigo para nós.

Também Jesus não cedeu à tentação do poder. Acolheu o projeto divino e viveu de acordo com o projeto do Reino. Tanto Noé como Jesus são modelos de quem não cede às tentações dos projetos do mundo, mas permanecem firmes e fiéis ao projeto divino.

3 – Convite para conversão
Diante disso, Jesus faz um convite: converter-se e crer no Evangelho. Esta é uma proposta interessante de penitência quaresmal. Converter-se, mudar o estilo de vida vivendo a fé presente no Evangelho. Mas, o que é o Evangelho: é uma proposta de vida. Pelo Evangelho, Jesus propõe viver a cultura do encontro.

Por isso, a conversão pode ser entendida como uma penitência, quer dizer, um esforço, um empenho para evitar desencontros, para não cair na tentação de provocar divisões, brigas, desentendimentos. Como pede a Campanha da Fraternidade, em vez de discussão, diálogo. Isto vem ao encontro do que dizia Pedro, na 2ª leitura para assumir a vida de batizado. Peçamos com o salmista a graça de sempre caminhar nos caminhos de Deus, sempre viver na fidelidade ao projeto divino e crescer na fé do Evangelho.

Pe. Osmar Debatin 

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