«Vede as Minhas mãos e os Meus pés. Tocai-Me» – S. Inácio de Antioquia

Dou graças a Jesus Cristo nosso Deus por nos ter inspirado tal sabedoria. Descobri que estáveis unidos numa fé inabalável, pregados de corpo e alma, se assim posso dizer, à cruz do Senhor Jesus Cristo, fortalecidos pelo Seu sangue no amor, inteiramente convencidos de que Nosso Senhor é verdadeiramente «filho de Davi pela carne» (Rm 1,3), filho de Deus pela vontade e o poder divinos; verdadeiramente nascido de uma virgem, batizado por João «para cumprir toda a
justiça» (Mt 3,15); verdadeiramente trespassado por pregos por nós na Sua carne por ordem de Pôncio Pilatos e do tetrarca Herodes. E é ao fruto da cruz, à Sua divina e bem aventurada Paixão, que nós devemos a nossa existência.

Pois pela Sua ressurreição Ele «eleva o Seu estandarte» (Is 5,26) sobre os séculos vindouros, a fim de escolher os Seus santos e os Seus fiéis de entre judeus e pagãos e reuni-los num só corpo, o da Sua Igreja (Ef 2,16).

Ele aceitou todos estes sofrimentos por nós, pela nossa salvação. E sofreu verdadeiramente, tal como verdadeiramente ressuscitou. E a Sua Paixão não foi, como afirmam certos descrentes, uma simples aparência. […] Quanto a mim, sei e
acredito que, mesmo após a Sua ressurreição, Jesus era carne. Quando Se aproximou de Pedro e dos seus companheiros, disse-lhes: «Tocai-Me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos». Eles tocaram n’Ele e acreditaram.

Esta comunhão estreita com a Sua carne e o Seu espírito ajudou-os a enfrentar a morte e a ser mais fortes do que ela. Após a ressurreição, Jesus comeu e bebeu com eles, como um ser de carne, quando Se tinha tornado um só espírito com o Pai. Recordo-vos estas verdades, bem-amados, sabendo que esta é também a vossa profissão de fé.

Santo Inácio de Antioquia (?-c. 110), bispo e mártir
Carta à Igreja de
Esmirna

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