Celebrando solenemente a vida, a memória, dos nossos “Nonos”

No dia 26 de fevereiro último, com meu amigo Alcione, administrador do Cemitério São José, de Blumenau, fui a Taió para buscar os restos mortais de nossos “Nonos”. Falecida Nona Otilia, que apelidamos de “Nona Magra”, contraste com a avó paterna, Angelina Veronez, que era mais gordinha, aquela foi a primeira a falecer, e foi sepultada  primeiramente, em 7 de março de 1971, na localidade de Alto Volta Grande, no Cemitério São Sebastião.  Com a mudança da nossa família para Taió, seus restos mortais foram trasladados para esta mesma cidade, para o Cemitério Cristo Rei.

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A segunda esposa do meu avô, Maria Tambósi, faleceu em 27 de abril de 1991, sendo sepultada no mesmo cemitério. E por último, faleceu meu avô materno, João Verginio Borghezan, no dia 27 de julho de 1993, sendo sepultado também no Cemiterio Cristo Rei.  

Por veneração, respeito, gratidão, preservação das suas memórias, resolvemos, então, trazer seus restos mortais para Blumenau, onde reside a filha, que é minha mãe, com a concordância da outra filha, religiosa, atualmente em  missão na Guatemala. E sete dos seus 11 netos moram igualmente aqui, na loira cidade.

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Fizemos cremar os sagrados restos mortais e, agora, temos programada uma santa missa, em cujo final, depositaremos as memoráveis cinzas num dos columbários  do Cemitério São José, em Blumenau.

“Columbário”, esta é a denominação própria para este tipo de local, uma especie de caixa mortuária, na qual permanecem guardadas as cinzas de entes queridos. A palavra columbário vem de “columba”, do latim, que em português significa pombinha.

Nas paredes das casas, dos paióis, entre os agricultores, encontram-se ainda hoje, caixinhas próprias, com abertura na frente, por onde entram as pombinhas para abrigarem-se e procriarem. Na casa do falecido “nono  Borghezan” havia estes abrigos para os pombos e pombas.

Até que o significado original da palavra condiz com a conotação de local, onde são guardadas as cinzas humanas. Como pombinhas, voamos por esta vida, entre altos e baixos, alegrias e dores, sob o olhar paterno e providente do Criador. Morremos, e nossos familiares e amigos depositam nossos restos mortais num abrigo conveniente, abençoado pela Igreja, a sepultura geralmente por primeiro e, depois, as respectivas as cinzas.

Eles, nossos antepassados se foram. Permanecem suas cinzas, sua memória, esperamos, por longo tempo. Nós ainda temos o dom da vida corporal. Podemos fazer o bem, inclusive sepultar nossos mortos, mesmo que em cinzas. Um ato de caridade, como qualquer outro gesto de caridade que praticamos. Um gesto de nobreza humana.

Você já observou que até os animais manifestam sentimentos de afeto e dor pelos semelhantes mortos? E aqueles humanos que esquecem seus mortos, tem consciência de que, de alguma forma, inferiorizam-se aos próprios irracionais? O pior é  que, assim, estão faltando com eterna virtude da caridade.

Também aqui, vale a palavra de Jesus: “Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis” (Mt 25,40). 

Além de um gesto de fé, sepultar os restos mortais de nossos falecidos manifesta a bondade do nosso coração, a estima e a gratidão que lhe devemos, a sua grata e imensamente construtiva memória que preservamos; enfim, sinal do amor que devemos uns aos outros, nossa “única dívida” enquanto por esta terra peregrinamos (Cf Rm 13,8).

Imagens e texto: Pe. Raul Kestring 

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