«Tornai-vos meus discípulos; aprendei de Mim» – Confortador convite – Escrito de Santo Agostinho

Vejo-Te, ó bom Jesus, com os olhos da fé que abriste em mim, vejo-Te a chorar e a dizer ao gênero humano: «Vinde a Mim, vinde para a minha escola.» Qual é a lição […] que temos de aprender na tua escola? «Que sou manso e humilde de coração». É a isso, pois, que se resumem «todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Cl 2,3) escondidos em Ti – a aprender esta lição capital: que Tu és «manso e humilde de coração». […]

Que aqueles que procuram a tua misericórdia e a tua verdade escutem, venham a Ti, aprendam de Ti a ser mansos e humildes, vivendo para Ti e não para si próprios. Que ouça isto aquele que anda cansado e oprimido, que se verga sob um fardo que o impede de erguer os olhos ao céu (Lc 18,13), o pecador que bate no peito e não se sente digno de se aproximar de Ti. Que ouça o centurião que não era digno de que entrasses sob o seu teto (Lc 7,6). Que ouça Zaqueu, o chefe dos publicanos, quando declara que vai devolver quatro vezes mais o fruto dos seus pecados (Lc 19,8). Que ouça a mulher que tinha sido pecadora na cidade e que derrama tantas lágrimas a teus pés quanto afastada tinha estado dos teus passos (Lc 7,37). Que ouçam as mulheres de má vida e os publicanos que precedem os escribas e os fariseus no Reino dos Céus (Mt 21,31). Que ouçam os doentes com todo o gênero de males com quem Ele era acusado de conviver (Mt 9,11). […]

Todos estes, quando se voltam para Ti, tornam-se facilmente mansos e humildes diante de Ti, recordando-se da sua vida cheia de pecados e da tua misericórdia cheia de perdão, pois «onde aumentou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5,20).

 

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
«Sobre a virgindade», 35-36; PL 40, 416

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