Pe. José Bessone deu sua vida pela Igreja em Blumenau – Pe. Raul Kestring

Crédito: Acervo da Diocese de Blumenau
Crédito: Acervo da Diocese de Blumenau
Crédito: Acervo da Diocese de Blumenau

Uma notícia triste na jubilar história da Diocese de Blumenau

No dia 2 de setembro de 2005, festa comemorativa do 155º aniversário de fundação da nossa bela e querida Blumenau, na Casa Paroquial da Comunidade Paroquial Santo Antônio, Blumenau, SC, o missionário Pe. José Bessone foi assaltado, golpeado na cabeça e apunhalado 25 vezes. Tentou resistir; o menor assassino foi ferido, roubado antes a carteira do padre com seus documentos, cheque e um punhado de moedas na mesa do seu escritório.

Acabara de se encontrar, às 21h30, com casais do Movimento Eclesial Lareira, dirigindo-se para sua residência. Tomou sopa e comeu uma maçã! Ainda com as roupas que vestia durante o dia, foi assaltado e barbaramente assassinado.

Não foi, aliás, a primeira vez que Pe. Bessone conheceu assalto na Casa Paroquial do Garcia. Em outras ocasiões, conseguiu colocar os assaltantes em fuga. Segundo informação do guarda noturno, Gilmar Scheffer, responsável pelo ambiente noturno do pátio da igreja, o menor assassino já havia tentado entrar na Casa Paroquial, tendo sido flagrado pulando a grade de proteção. Dessa vez, porém, o guarda tentou apanhá-lo, mas não conseguiu.

A triste notícia correu logo a cidade, a Diocese, o Brasil e também no exterior, pois o padre, de origem italiana, tinha irmãos vivos; tinha também colegas missionários espalhados por diversos outros países. A Revista Insieme, bilíngue italiana/portuguesa, sediada em Curitiba, no dia seguinte ao lamentável homicídio, 03 de setembro, estampou em sua primeira página on line o título: “Padre italiano é assassinado com 11 facadas em Blumenau”. O Globo/Globo on line, no dia 5, titulou: “Padre é morto com 25 facadas em Blumenau”.

Pe. José Bessone, morto aos 62 anos de idade, foi missionário italiano, desde 1975, em Santa Catarina. Trabalhou primeiramente em Joinville; depois, durante 20 anos foi dedicado Pastor em Indaial e, nos últimos 8 anos, na Paróquia Santo Antônio, cidade de Blumenau. Nunca, nestes anos todos, alguém notou algo que desabonasse sua conduta moral, de maneira especial a respeito de menores! Antes, todo o povo de Deus em Indaial e no bairro Garcia, tem palavras de louvor, admiração, gratidão, por seu zelo pastoral e acolhimento fraterno dispensado a todos.

Foi barbaramente assassinado, como tantos nesse País, onde a segurança dos honestos cidadãos está à mercê de bandidos menores ou maiores de idade e onde a impunidade é tristeza de cada dia.

A Diocese de Blumenau chora ainda hoje pela trágica partida do Padre José e agradece a Deus pelo dom da sua vida! Chora ao ver um adolescente matando para roubar e mentindo despudoradamente para livrar-se da responsabilidade do crime, lançando lama hedionda sobre sua vítima.

A favor da integridade moral do Padre vitimado, temos o testemunho de convivência diária de milhares de pessoas em Blumenau, Indaial e região. Contra as criminosas mentiras do menor assassinado de que programara “encontro sexual” com Padre José, além de outros fatos, foi encontrada a sua bolsa em que levava a sua faca ensanguentada do crime e que o ilustre delegado, Dr. Padilha, mostrou à imprensa.

Evidentemente, diante desse triste fato, a Diocese de Blumenau não só chora. Interpretando o acontecido à luz da misericórdia de Deus que tira o bem do mal, edifica-se com o extremo testemunho de um discípulo missionário do Senhor. E sente-se chamada, encorajada, a não esmorecer diante das multifacetadas violências que, a cada dia, acontecem ao seu redor. Muitas delas, até em forma de mais ou menos sutil perseguição, atingindo seus próprios membros, seu desempenho, sua ação pastoral.

A Diocese coloca-se ainda em oração pedindo que o Deus clemente e misericordioso perdoe! Com toda a veemência de que somos capazes, no entanto, repudiamos a mentira e a calunia atiradas contra o Padre José, não permitindo que sejam assassinadas sua honra e reputação. Pois seria vítima de duplo assassinato: o da honra, pior que o primeiro, que atingiu sua integridade física.

(Com ajuda da nota oficial assinada por Dom Angélico Sândalo Bernardino, 1º bispo diocesano de Blumenau, intitulada “Padre José: Duplo Assassinato”, e publicada naquele ocasião)

Pe. Raul Kestring – Blumenau, 20 de agosto de 2024

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