Acabo de receber o card enviado pelo Pe. Fernando Steffens, no qual convida para participar da celebração da sua posse como novo pároco de São Luiz Gonzaga, bairro Tribess, Blumenau, no próximo dia 02 de novembro de 2024, sábado, às 19h, na respectiva Igreja Matriz. Dom Rafael Biernaski, bispo diocesano de Blumenau, presidirá a santa missa, na qual se insere a significativa cerimônia da posse canônica. Caravanas de Rio dos Cedros, onde Pe. Steffens exerceu valente e sabiamente o encargo de pároco por quatro anos e meio, se preparam para levar-lhe a gratidão e o apoio dos seus ex-paroquianos à sua nova e árdua missão.
Na verdade, o desempenho ministerial-presbiteral do Pe. Fernando nas comunidades da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, já está registrado nos anais da história como um kairós, tempo de graças, renovação, presença de amor, alegria, esperança, superação dos desafios e conflitos. Com seu constante sorriso, conquistou a todos para o realizador serviço eclesial. A Pastoral Catequética ganhou impulso. A participação nas missas e celebrações aumentaram em número de pessoas e qualidade orante. O trabalho conjunto com os diáconos permanentes, ministros e ministras extraordinários da comunhão, conselhos pastorais e administrativos foram absolutamente notórios. As visitas às famílias e aos doentes tiveram lugar especial entre as muitas demandas. A acolhida carinhosa das crianças (houve casos de crianças que quase adoeceram com a sua transferência). Capitaneou audaciosas reformas na matriz e em diversas comunidades. Sua presença era diferenciada nas promoções e festas (era a satisfação dos vendedores de bilhetes da roda do bicho – abria a sua carteira recheada de trocadinhos, comprava os bilhetes dos bichos preferidos, perdia e ganhava, mas o saldo era quase sempre positivo, também porque, dessa forma, animava a todos, o saldo do amor é sempre positivo). Convidado a compor a letra do hino do município de Rio dos Cedros, com seu veio poético, doou à cidade eternas e belíssimas estrofes que falam da sua história, dos seus heróis pioneiros, das suas lutas, das suas etnias e culturas, das suas belezas naturais e sobretudo, profeticamente, da esperança num futuro de harmonia, desenvolvimento, fraternidade.
Se fossem perguntados os riocedrenses sobre o que falta a essa lista, com certeza, teriam muito a acrescentar. Como
diz o Papa Francisco, a vida, principalmente a vida com Deus e para Deus tem dimensões poliédricas, isto é, seus reflexos são quase infinitos, como infinito é seu amor. De porte físico fernandino, dele somente, aparecia gigante nos projetos pastorais, nos inúmeros compromissos, inclusive em compromissos extra-paroquiais e extra-diocesanos como a coordenação os diáconos permanentes.
Capítulo à parte, o COVID o atingiu com certa gravidade por duas vezes – teve que isolar-se rigorosamente na casa paroquial. Com a humildade e a esperança de um quase santo, porém, nas duas ocasiões, venceu o minúsculo e ameaçador vírus, conquistando ainda mais maturidade, força espiritual e coragem evangelizadora.
Não posso me omitir de verbalizar o sobrenatural relacionamento que buscávamos viver nós, dois operários da vinha do Senhor no campo a nós confiado. Conforme o Evangelho de João (13,35), Jesus declara: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. Como padre auxiliar da Paróquia de Rio dos Cedros, sempre me hospedo na casa paroquial. Ficava muito sensibilizado diante dos seus cuidados para comigo, com o ar condicionado, com a internet. O café da manhã, tomávamos juntos, não sem antes rezarmos. Pequenos gestos como preparar o café da manhã era quase sempre feito por ele. Certo dia de inverno, eu estava ocupado em meu quarto e, de repente, vem ele me trazer uma generosa xícara de café quente. Voltando das atividades de sábado, era sagrado partilharmos as experiências e desafios vividos nas atividades e celebrações. De vez em quando, também eu o retribuía com um livro, uma partilha de donativos recebidos, uma mensagem no Whatsapp.
Alguém até poderia objetar: mas isso parece um relacionamento um tanto infantil. É mesmo! Está certa essa observação. Porém, entendo, entendamos, que os que se dizem discípulos e discípulas do Senhor são “simples como as pombas e pudentes como as serpentes” (Mt 10,16). Usufruímos, dessa forma, do carisma de Santa Terezinha do Menino Jesus: tornar grandes a pequenas coisas. Como as crianças, a quem o próprio Mestre compara seus apóstolos – “Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18,3-5). Aliás, existe neste mundo alguma coisa, algum fato, que não seja feito de coisas pequenas? A vivência cristã, a santidade não é feita de pequenos atos de fé e de amor? E qual o efeito dessa conversão? O efeito é que, mesmo não sendo perfeitos no amor, espalha-se luz, a luz de Cristo. As pessoas, de alguma forma, percebem algo novo nos seus evangelizadores. E, como por osmose, esse espírito evangélico difunde-se. Como a pedra que se joga no lago: forma ondas que se expandem automaticamente. Ainda mais: o evangelizador, sabendo-se amado e amando o irmão, equilibra-se espiritual e afetivamente, não porque deve prestar alguma conta ao companheiro, mas porque torna-se quase natural, agir assim, “sorrir como Jesus sorria, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu” – assim canta o Pe. Zezinho.
Auguro-lhe, Pe. Fernando, que a sua nova paróquia se inunde das ondas geradas por tua simplicidade e amor com as pessoas, principalmente em relação aos sofredores, carentes do consolo de Jesus. Santa Terezinha e São Luiz Gonzaga sejam teus mestres de cuidados pastorais e evangelizadores. Maria, nossa rainha e mãe, como na Paróquia a ela dedicada que pastoreaste, continue te acompanhando e te sustentando no cumprimento do mandato missionário do seu filho Salvador!
Pe. Raul Kestring – Blumenau, 28 de outubro de 2024