Jesus dizia: “O meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34). Isso quer dizer que Jesus não fazia a própria vontade. Em diálogo profundo com o Pai, procurava entender e fazer a sua vontade porque isso era vital para sua existência e missão. Era a fonte da sua paz e da sua coragem diante dos desafios que o mundo lhe apresentava, inclusive o desafio diante da morte, do martírio, isto é a fidelidade suprema, o testemunho supremo.
Poderíamos, primeiro, perguntar-nos o que é a vontade de Deus? Podemos dizer que não é aquela resignação que vemos em pessoas dizendo: “Não é possível fazer mais nada; então, que se façaa vontade de Deus”. A vontade de Deus não é aquela resignação dos que afirmam: “Ah, ele é pobre porque Deus quiz”. Ou ainda: “Ele morreu porque era vontade Deus”, quando a pessoa foi violentamente assassinada,
A vontade de Deus não é atitude passiva diante dos fatos. É ação cristã profundamente ativa, construtiva, revolucionária até, no sentido positivo. Nesse sentido, Jesus subverteu todos os valores e critérios do seu tempo e de todos os tempos porque se opôs à mentalidade corrente do consumismo, do hedonismo e o do egoísmo.
O que seria uma Pastoral da Comunicação na perspectiva da vontade de Deus? Seria aquela pastoral que não tem em vista somente a técnica, o planejamento, o sucesso humano, mas busca o reino de Deus acima de qualquer outro valor.
Isso diz respeito, em primeiro lugar, a uma atitude pessoal de conversão contínua, constante. Cada membro da Pastoral da Comunicação deve descobrir o caminho de Deus na sua vida. Jesus dizia: “Eu vim não para fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou” (Jo 5,30). Viemos ao mundo, à existência por um chamado amoroso de Deus. E a cada momento ele nos chama à vida verdadeira no raio da sua vontade, imaginando os raios do sol chegando à terra e enchendo-a de fecundidade. Nossa vida, às vezes, torna-se infecunda porque fazemos nossa própria vontade. Não nos perguntamos como os santos e santas se perguntavam: “Senhor, que queres que eu faça?” Com facilidade e sem-cerimônia, frequentemente escolhemos o caminho mais fácil. E nem sempre o mais fácil é o certo, ou seja, é vontade de Deus.
Se alguém deseja ser membro da PASCOM e pelo menos não se faz a citada pergunta sinceramente na sua vida, em seu coração, não serve para tal missão porque não é cristão, não é discípulo de Jesus.
Uma Pastoral da Comunicação no raio da vontade de Deus significa escutar a Igreja. O Papa, os nossos bispos tem orientações muito claras e indispensáveis para os cristãos atuarem no campo da comunicação. Conhecer essas orientações, guiar-se por elas significa ouvir Jesus hoje. De fato, encontramos no Evangelho de Lucas (10,16), o Senhor recomendando aos apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16).
Por fim, a vontade de Deus, só a descobrimos pessoalmente ou em grupo, quando nos colocamos em oração. Onde se reza Deus realiza suas maravilhas de amor, fraternidade, paz, sabedoria, coragem. Pois a oração é fazer que Jesus fazia: escutar o Pai, em verdadeiro diálogo filial. Ele precisa, ele deseja a colaboração dos filhos na sua obra de salvação.
Que o Espírito Santo suscite entre nós comunicacores e comunicadoras alimentados dessa espiritualidade encarnada na realidade pessoal, eclesial e social dos nossos dias. Serão uma bênção para nossas comunidades, para a sociedade. Deus nos livre de sermos comuncadores mal intencionados, encrenqueiros, mal resolvidos em sua vida pessoal, dominadores, interesseiros, egocentristas, fundamentalistas.