«Para serem um só, como Nós somos» – São Máximo, o Confessor monge e teólogo

A Igreja possui a marca e a imagem de Deus porque tem a mesma atividade que Ele. […] Deus trouxe todas as coisas à existência por meio do Seu poder infinito, e contêm-nas, reúne-as e circunscreve-as. Ele liga fortemente todos os seres, uns aos outros e a Si próprio, na Sua Providência. […]

A Santa Igreja manifestará para conosco os mesmos efeitos que Deus, de Quem é imagem. Numerosos, quase inumeráveis, são os homens, as mulheres, as crianças, distintos uns dos outros, infinitamente diferentes por nascimento, traços, nacionalidade e língua, gênero de vida e idade, aptidões, costumes, hábitos, conhecimento, fortuna, caráter e relações. Mas todos nascem nesta Igreja e, pela sua obra, todos renascem para uma vida nova, recriados pelo Espírito Santo.

A todos, a Igreja deu […] uma só forma, um só nome divino: ser de Cristo e ter o Seu nome. Ela dá também a todos uma maneira de ser única, que não permite distinguir as numerosas diferenças que existem entre eles […], devido à reunião de tudo nela. É por eles, seus membros, que absolutamente ninguém fica separado da comunidade, uma vez que todos convergem uns para os outros, todos estão ligados pela ação do poder indivisível da graça e da fé. Está escrito que todos têm «um só coração e uma só alma» (At 4,32) […]; ser um só Corpo formado por membros tão diversos é realmente digno do próprio Cristo, que é a nossa verdadeira Cabeça (cf. Cl 1,18).

O apóstolo Paulo diz: «N’Ele não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus» (Gl 3,28). […] É assim, pois, que a Santa Igreja é feita à imagem de Deus, uma vez que realiza entre os crentes a mesma união que Deus realiza entre eles.

São Máximo, o Confessor (c. 580-662), monge e teólogo
Mistagogia, 1

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