Era uma tarde de pleno verão.
À mesa da cozinha, a tia Cremilda, irmã da minha mãe, de férias do colégio, passava roupas. Sentada no banco, escorada à parede, estava a Mônica, naquele ocasião com três anos de idade. “Xereta” da tia que só.
Da. Nica atarefada com os afazeres da casa, do rancho, dos animais, das galinhas etc. Ela sabia que a pequena estava bem cuidada, demais!
Mas de repente resolve dar uma chegadinha à cozinha. Entrando pela porta que dava para o terreiro, percebe imediatamente a ausência da Mônica, sua segunda filha. E começou a procurá-la. Também a tia subiu logo ao sótão, cuja escada ficava ao lado da mesa. Olha o cômodo todo e… cadê a Mônica! Desce com o coração batendo forte de angústia.
Da. Nica já tinha ido lá embaixo, na margem do rio porque aquele rio era sempre o seu temor. E já tinha voltado quando a sua irmã apenas descera do sótão.
A uma mãe, ver um barranco e um rio próximos à sua casa é sempre um perigo de que um filho, uma filha, caia lá embaixo e ela não consiga mais achá-lo. E torna-se a primeira suspeita quando não o vê imediatamente, ao procurá-lo.
As duas irmãs já não davam mais coragem uma à outra. Estavam prontas para chamar Seu Gregório, o marido, da roça, para ajudá-las na já desesperada procura. Transmitiam quase pavor uma à outra as duas irmãs ao pensar que a menina teria desaparecido… de que maneira, meu Deus do céu?
O sótão, de novo, é a esperança da mãe quase desolada. Eis que, ao descer, não, pulando, desce a escada, chega à cozinha, olha para o banco de trás da mesa e… a Mônica dormia ali, espichada sobre o banco, sonhando com os anjinhos.
Aliaviadas, as duas irmãs foram tirar um balde de água fresca do poço, que ficava logo ao lado da casa, e recobraram a calma com uma boa canecada cada uma.
Deus foi muito bom para conosco. Aquele rio, na verdade, de pequeno porte, só nos fez bem durante os mais de quarenta anos que moramos naquele lugar.