O quarto sábio – Esta parábola natalina questiona-nos

O quarto sábio

Gaspar, Melquior, Baltazar e Artaban montaram seus camelos e partiram numa viagem,  com destino desconhecido, tendo como guia uma estrela cintilante que havia aparecido no céu ocidental e com o objetivo de render homenagem ao recém nascido Rei dos reis.

Os reis magos venderam tudo que possuíam para comprar presentes dignos de um rei. Gaspar, Melquior e Baltazar compraram ouro, incenso e mirra. Artaban escolheu pedras preciosas, um rubi, esmeraldas e diamantes.

À medida que viajavam, Artaban contemplava as pedras preciosas na palma de sua mão e pensava: “Como espero por esse dia em que conhecerei meu Rei e lhe darei esses presentes. Será o maior dia da minha vida”.

Gemidos e lamentos interroperam esse devaneio. Alguém estava sofrendo! Rapidamente, guardou as gemas na sua bolsa, desceu do camelo e saiu em busca daquele que sofria. Encontrou o homem numa vala, quase nu, sangrando e ferido. Assaltantes o haviam atacado e deixado lá para morrer.

O coração de Artaban se comoveu com o homem. Ele gentilmente o colocou sobre seu camelo e o conduziu par uma pousada próxima. Cuidava dele com tanta devoção que se esqueceu da estrela, da viagem e do Rei recém nascido. Quando teve certeza de que o homem estava se recuperando e de que havia quem cuidadesse dele, começou a se preparar para continuar sua viagem. O dono da pousada parou-o na porta exigindo o pagamento pela estada do homem. As pedras preciosas eram tudo que Artaban possuía. Sem hesitar, pegou o rubi dentro de sua bolsa e o entregou ao dono da pousada. E correu em busca de seus companheiros de viagem, dizendo a si próprio: “Não importa o rubi. Meu Rei não vai me levar a mal porque me desfiz dele para salvar a vida de um homem”.

Ele procurou, procurou, mas não conseguiu achar a trilha dos outros reis magos, e a estrela havia desaparecido do céu. Por fim, morto de cansaço, Artaban sentou-se num cepo e rezou: “Meu Rei dos reis, deixei minha casa, minha família e meu país para encontrá-lo. Agora estou perdido e sozinho num desero sem rastro. Guie meus passos, Senhor, de forma que eu possa encontrá-lo e oferecer-lhe meus presentes preciosos”.

Levantando-se, montou seu camelo e partiu de novo. Dia após dia, cansado, prosseguiu viagem, sem os amigos de companhia e sem a estrela para orientá-lo, passando por cidades agitadas, aldeias sujas e oásis cercados de palmeiras, determinado a encontrar seu Rei. No fundo do seu coração ele sabia que algum dia, em algum lugar, de alguma forma iria encontrá-lo.

Uma vez, exausto e com sede, sentou-se para descansar à beira de um poço. À distância, avistou uma caravana vindo em sua direção. Talvez os viajantas tivessem notícias de seu Rei! Mas, quando eles se aproximaram, viu que se tratava de um comboio de morte, comerciantes de escravos arrastando sua carga humana através do deserto. Eles não teriam notícia alguma a lhe dar.

Os viajantes também pararam no oásis para descansar, e Artaban olhou para os escravos descarnardos e amendrontaos com grande compaixão e amor, sabendo que estavam condenados à servidão eterna. Percebendo sua misericórdia e bondade, os escravos reuniram-se à sua volta com lamentos de partir o coração: “Por favor, senhor, compre-nos todos, compre-nos todos e livre-nos das mãos desses homens brutais. Se o senhor nos comprar, o serviremos pelo resto de nossas vidas!”.

O coração de Artaban derreteu. Pegou as esmeraldas e os diamantes de dentro de sua bolsa. Era um altro preço a pagar pela liberdade. Como que compelido por uma força que o transcendia, ele se levantou e se aproximou dos caravaneiros, anunciando-lhes: “vou comprá-los, todos eles”.

Perplexos, os comerciantes de escravos perguntaram: “O que você tem a oferecer como pagamento”. Artaban abriu a mão e as jóias reluziram ao sol do deserto: “Este é o preço, é uma gratificação digna de um rei”.

Os comerciantes pegaram o resgate e disseram: “Os escravos são todos seus, todos eles”. Artaban virou-se para os escravos e disse alegremetne: “Vocês estão livres! Agora vocês pertecem a si próprios, não a mim. Vão para casa e vivam em paz”.

Quando todos já haviam partido, Artaban ficou sozinho e confuso à beira do poço. “Será que fiz a coisa certa… Meu coração me diz que estou certo, mas agora nada mais tenho para dar ao meu Rei”

O sol se pôs e a escuridão tomou conta do deserto. Artaban levantou o rosto manchado de lágrimas e contemplou o céu estrelado que se debruçava sobre ele. Então exclamou surpreso: “Lá estã ela! Será possível… Certamente aquela é a estrela do Rei recem nascido. Preciso segui-la. Mas não, é muito tarde. Nada tenho a lhe oferecer. É tarde demais, tarde demais para eu conhecer o meu rei”.

Abaixou a cabeça e soluçou com o coração despedaçado. Até que uma voz misteriosa vinda das trevas lhe disse: “Não é tarde, não, Artaban. Você chegou na hora certa. Quero que você saiba que seus presentes foram os primeiros que recebi desde que nasci. Dos quatro reis magos que sairam em minha busca, você foi o primeiro a encontrar-me, o primeiro a me homenagear e o primeiro a me presentear”.

(Adaptação da história “O quarto sábio” de Henry Van Dyke)

 Fonte: http://apostolinas.blogspot.com/2011/01/gaspar-melquior-baltazar-e-artaban.html?spref=tw

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