Nesta manhã de 15 de agosto de 2024, às 07h30, Deus me concedeu a oportunidade de presidir a santa missa na Casa de Acolhida de Idosos Santa Ana, no bairro Garcia, Blumenau. Tendo chegado à capela uns vinte minutos antes, pude deter-me diante do Crucifixo, graciosamente iluminado, na parede atrás do altar. Num ambiente como o de uma instituição que cuida de idosos e doentes, é natural que, diante de Jesus pregado à cruz, o pensamento da gente se volte para a realidade de sofrimento daquelas irmãs e irmãos.
No entanto, a alegria e o louvor invade o coração ao se perceber a esperança cristã animando aqueles crucificados, as mulheres e homens ali internados. Cada um tem a sua particularidade nessa situação. Estão ali até os que perenemente ficam acamados, com mobilidade quase nula. Dependem totalmente dos funcionários e das Irmãs Elisabetinas, proprietárias e responsáveis pela casa geriátrica.
A presença das consagradas, seu testemunho, sua diferenciada caridade com todos transforma aquele ambiente, tornando-o leve e mesmo marcado pela alegria da fé, da presença de Jesus, enfim.
Continuadoras do carisma da fundação, ocorrida na Polônia no século 19, guiam-se pelo objetivo principal de servir desinteressadamente os mais necessitados, sobretudo os pobres e doentes e idosos nas suas próprias casas, sem distinção de idade, condição social, proveniência ou religião. Escolheram o dia 27 de Setembro de 1842, Festa dos Santos Mártires médicos – São Cosme e Damião, para consagrarem suas vidas e sua obra com o Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus, diante do seu quadro, marcando assim o início de nossa Congregação.
Com seu hábito branco e, à cabeça, véu da mesma, jovens e não mais tão jovens, geralmente em torno de cinco Irmãs, fazem-se diariamente presentes nos quatro andares do edifício. Por onde passam, onde trabalham, levam o perfume de Cristo. Como o perfume da pecadora que ungiu os pés do Senhor (Cf Lc 7,37-38), .inundando toda aquela casa com o precioso odor. Não é por acaso que no início do mesmo capítulo 7, Lucas, narra a cura o servo do centurião romano. Ainda, conforme, o mesmo evangelista, no dia seguinte, o Senhor ressuscita o filho único da viúva de Naim. Portanto, quando o Salvador se faz presente, por sua cruz/ressurreição, tudo se transforma. Mesmo que venha a dor e a morte, ali, a sabedoria, o poder divinos e a sua glória se manifestam.
Texto: Pe. Raul Kestring