Jesus também teve a sua “hora”

“Ainda não chegou a minha hora” (Jo 2,4) – foi a afirmação de Jesus dirigida à sua mãe nas bodas de Caná. Com certeza, Maria, como os apóstolos e todas as pessoas, deve ter feito um caminho de compreensão da “hora” de Jesus. Somos desejosos de que as coisas boas aconteçam logo. Que chegue logo a formatura, o casamento, o sucesso, a vitória. E pensamos voltados para este mundo, para esta vida terrena. Claro, ninguém espera naturalmente coisas ruins. Hoje fala-se muito no “pensamento positivo” que muita gente entende como fé. Mas tenho a impressão de que a dimensão da eternidade não esteja aí muito presente, não.

Quando Jesus se refere à sua “hora”, entende-se que ela se refira à manifestação difinitiva da sua missão. Essa missão não era o que geralmente se esperava no seu tempo. Os milagres, sem dúvida, faziam parte do projeto do Pai a seu respeito. E muitos seguiam-no por causa das suas obras.

No entanto, a “hora” de Jesus foi sua paixão, morte e ressurreição, na qual ele deu a prova definitiva de fidelidade ao  Pai e de amor à humanidade. “Eis que chega a hora e ela já veio” (Jo 16,32), disse Jesus pouco antes de ser preso. Logo, dois versículos depois, lemos: “…levantando os olhos para o céu, disse: ‘Pai, é chegada a hora, glorifica o teu Filho para que teu Filho te glorifique a ti , e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste” (Jo 17,1-2).

Vivamos hoje, neste Dia do Senhor, a nossa “hora” em tudo o que fizermos. E o leque das nossas boas obras é enorme. Dizia Santo Agostinho: “Ama e faze o que quiseres”. Amar. Amar como se fosse nossa última ocasião que temos de fazê-lo naquele momento. Amar quem está ao nosso lado, preferindo os que sofrem. Assim, quando chegar a hora derradeira, sem nos apercebermos, veremos o Senhor, contemplaremos a sua face para sempre. E teremos realizado o maravilhoso desígnio, para o qual fomos criados e redimidos dos nossos pecados.

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