Franciscanos emitem carta de apoio aos militantes em greve de fome

A greve de fome por Justiça no STF completou duas semanas nesta terça-feira, 14. Participam do ato Jaime Amorim, Vilmar Pacífico e Zonália Santos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Rafaela Alves e o frei Sergio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, da Central de Movimentos Populares (CMP), e Leonardo Soares, militante do Levante Popular da Juventude.

Em solidariedade a eles, a Conferência da Família Franciscana do Brasil emitiu a seguinte carta:

Brasília, 13 de agosto de 2018

O Senhor vos dê a paz!

Carta em Solidariedade aos Irmãos e Irmãs em Greve de Fome

“Se estes se calarem, as pedras clamarão” Lc19,40

A Conferência da Família Franciscana do Brasil manifesta seu apoio e se solidariza com o Frei Sérgio Göergen Jaime Amorim, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Rodrigues que, em um gesto extremo, estão em “Greve de Fome”, desde o dia 31 de julho de 2018, em Brasília pelo respeito à Constituição Federal e à Democracia.

A situação a que foi levada a sociedade brasileira, desde 2016, pelo governo ilegítimo instaurado a partir do impeachment inconstitucional de uma presidenta legitimamente eleita, é de aumento da miséria, da fome, da violência, da perda de direitos e de desrespeito à Constituição.

Frei Sérgio Göergen é frade franciscano (Ordem dos Frades Menores), da Província de São Francisco, Rio Grande Sul, e tem uma vida toda dedicada às questões de Justiça, Paz e Integridade da Criação, particularmente no meio rural, junto aos sem terra e agricultores familiares.

Todos os sete que estão em greve de fome são de movimentos sociais. Junto a eles reafirmamos as motivações que os levaram a assumir este gesto e as transcrevemos aqui:

1. Denunciamos a volta da fome, o sofrimento e o abandono dos mais pobres, sobretudo as pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem terra, assentados, quilombolas e desempregados;

2. Denunciamos o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs;

3. Denunciamos a situação dos doentes, da saúde pública, das pessoas com deficiência, a volta das epidemias e da mortalidade de crianças;

4. Denunciamos os ataques à educação pública, que deixam a juventude sem perspectiva de vida;

5. Denunciamos a volta da carestia, o aumento do preço do gás, da comida e dos combustíveis;

6. Denunciamos as tentativas de aniquilamento da soberania nacional, através da entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro: Amazônia, terra, petróleo, energia, biodiversidade, água, minérios e empresas públicas essenciais à geração de emprego e ao bem-estar do povo;

7. Nos indignamos e não aceitamos o sacrifício anunciado de duas gerações: as crianças e os jovens;

8. Defendemos o direito do povo escolher livremente, pelo voto, seu próprio destino, elegendo à Presidência o candidato de sua preferência;

9. Defendemos a volta da plenitude da democracia e a vigência integral dos direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, hoje negada e pisoteada;

10. Apelamos ao Supremo Tribunal Federal pelo fim das condenações sem crime, das prisões ilegais sem amparo na Constituição e pela libertação imediata do Presidente Lula, para que possa ser votado pelo povo brasileiro.

Em comunhão com esses nossos irmãos e irmãs, conclamamos os franciscanos e franciscanas a participar ativamente deste momento importante de nossa história.

Solicitamos aos Ministros do Supremo Tribunal Federal que atendam aos clamores da maioria do povo brasileiro, reinstaurem a justiça, o Estado de Direito e o respeito à Constituição Brasileira.

Frei Éderson Queiroz – OFMCap,
Presidente
Conferência da Família Franciscana do Brasil – CFFB

Foto: MPA

Fonte: Site CONIC

Leia também...