E SEU EU SOUBESSE? – Interessante reflexão sobre o Advento/Natal do Pastor Emilio Voigt (IECLB)

Após dias de caminhada, Maria e José finalmente entraram no povoado.

Se soubesse que Maria carregava o filho de Deus em seu ventre, quem morava na entrada de Belém teria arrumado o melhor lugar da casa para abrigá-la. Seria uma honra hospedar tão ilustre serva do Senhor. Mas ela parecia uma pessoa tão comum, com a poeira comum da estrada e o cansaço comum de uma longa jornada. E assim Maria e José passaram pela primeira casa.

Se soubesse que José era da descendência de Davi e um bom carpinteiro, quem morava na segunda casa da rua da entrada de Belém o teria saudado como hóspede. Teria oferecido água para lavar mãos e pés, e boa refeição para revigorar. Mas ele parecia uma pessoa estranha e qualquer pessoa estranha desperta desconfiança. E assim José e Maria passaram pela segunda casa.

Se soubesse que Maria e José constituiriam a família de Jesus, quem morava na terceira casa daquela rua de Belém teria insistido que ali permanecessem. Teria chamado a vizinhança para se alegrar com a vinda do Cristo. Mas parecia um casal sem origem e destino, sem condições de retribuir a hospitalidade. E assim o casal passou pela terceira casa.

Se soubessem quem estava chegando no vilarejo,
o padeiro teria assado o melhor pão;
a camponesa teria escolhido a melhor fruta;
o albergueiro teria reservado o melhor cômodo;
a tecelã teria fiado a melhor manta;
o marceneiro teria feito a melhor cama;
a cozinheira teria preparado a melhor refeição;
o líder local teria organizado a melhor festa;
a dançarina teria apresentado a melhor dança;
as crianças não teriam corrido com medo e as pessoas adultas não teriam olhado com tanta indiferença.

Mas como saber? Nada naquele casal indicava algo especial. Nada chamava a atenção, a não ser a barriga daquela mulher e a roupa suja de pó. Como se soubessem o caminho, Maria e José seguiram em silêncio por uma viela. Pararam ao som de muitas vozes fluindo de um abrigo. Com braços estendidos, alguém convidou para entrar. Havia espaço próximo aos animais e ali Maria poderia dar à luz. Se soubessem que o bebê seria o Salvador, talvez os anfitriões tivessem conseguido um berço melhor. Mas aquela criança também parecia tão comum como outra qualquer. E o calor dos animais, afinal, lhe fazia bem.

Como saber onde Deus se revela e onde Deus se encontra? E se eu soubesse que Deus se revelou no barraco e não no palácio? E se eu soubesse que o Emanuel recém-nascido foi envolto em trapos e não em roupas finas? E se eu soubesse que o Jesus adulto foi chamado de “glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Lc 7.34)? E se eu soubesse que Deus quer me encontrar na pessoa faminta, sedenta, migrante, sem roupa, doente, prisioneira (Mt 25.35-36)? Colocaria eu esse Deus acima de tudo? Advento é tempo de tentar saber quem é e onde está Deus, acima de tudo…

Leia também...