Dou minha vida “para que todos sejam um” – Palavra do Senhor!

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Nestes dias de descanso, fui rever as fotos da minha ordenação sacerdotal. E achei esta aí, focalizando os padres presentes àquela celebração. Poderia ainda dizer o nome de cada um, pois os tenho muito vivos em minha recordação, mesmo que nada mais e nada menos que 37 anos distancie-me daquele intenso momento da minha vida. E é bom que se diga: alguns deles já foram chamados para a eternidade. O tempo passa e passam também os amigos!

Nesta mesma foto, no entanto, o leitor deve ter percebido alguém, de óculos salientes,  sentado entre os sacerdotes, embora sem a túnica característica daquele momento celebrativo. É um pastor luterano, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB – que, naquele tempo atendia as comunidades luteranas da região de Taió e cidades vizinhas. No momento, não sei qual é o seu nome. Deveria informar-me para dizê-lo; e bem que o mereceria. Mas, para mim, é muito significativo a presença dele em meio aos padres durante a missa da minha ordenação. Também uma novidade. Ainda que já estivéssemos há dez anos do término do Concilio Vaticano II, que decididamente posicionou-se pela restauração da unidade entre os cristãos, uma atitude destas poderia até causar estranheza, para não dizer, escândalo para uns e outros. Por outro lado, a mentalidade aberta do então bispo diocesano de Rio do Sul, Dom Tito Buss, in memoriam, facilitava gestos ecumênicos, fraternos, deste tipo.

O que me apraz, na verdade, é recordar através desta foto um fato, para mim, sumamente significativo ainda para os nossos dias. Pois trata-se de um gesto de hospitalidade mais do que fraterna: verdadeiramente eucarística, isto é, sinal da presença de Jesus, real naquele momento e geradora da Igreja, cuja marca é exatamente a unidade na diversidade dos batizados e batizadas.

Àquelas alturas, já sentia o enriquecimento pessoal que, qual tesouro, encontrara no Movimento dos Focolares. Não por acaso é cognominado “carisma da unidade”. Contagiou-me a paixão de Jesus, revelada em sua oração sacerdotal: “Pai, que todos sejam um para que o mundo creia” (Jo 17,21). Tanto isto é verdade que, como programa do meu ministério, escolhi exatamente esta prece de Jesus . De certa forma, oferecia minha vida, meu sacerdócio, para que fosse uma pequena contribuição a este plano de Deus a respeito das Igrejas, Religiões, de toda a  humanidade, enfim.

Nestes dias, alguém  quase me colocou em crise quando afirmou que não sabe como o trabalho ecumênico persiste entre nós, com tantos desafios, obstáculos, vagarosidade, quase parando. Respondi-lhe convicto: “O ecumenismo é sustentado pelo Espírito Santo”. Não discordo das observações desta pessoa. De outro lado, não posso esconder a impressão de que ela está sendo muito negativista. Afinal, mesmo em meio a tantos desafios, quantos sinais acontecem aqui, ao nosso redor e em tantos lugares, que evidenciam um relacionamento ecumênico progredindo entre Igrejas e Religiões.

Em 2015, provavelmente em Florianópolis, e também provavelmente no mês de agosto, nosso estado de Santa Catarina, terá ocasião de levantar  suas forças ecumênicas. Deveremos preparar o VIII Sulão/Mutirão Ecumênico, envolvendo também dos do Rio Grande do Seul, Paraná e São Paulo. Contamos com a participação de, pelo menos trezentos representantes desses  estados para somarmos um ideal não só nosso: de um verdadeiro povo, pertencente a diversas denominações, diversas convicções, mas que sente o apelo a unir-se, dar-se as mãos e o coração por um mundo melhor, mais justo, fraterno, habitável.

Convido você, irmão/ã internauta a, diante desta ingente tarefa que temos por diante, imitar Jesus, isto é, rezar. “A oração é a alma do ecumenismo” – dizem os documentos das diversas Igrejas. Assim, sejamos nós, eu, você, esta alma ecumênica da Igreja, do mundo, para que, no memento certo, possa brilhar esta face bonita da esposa de Cristo: a sua unidade e a sua universalidade.

Abaixo, outro clique da presença dos colegas padres na cerimônia da minha ordenação sacerdotal, com destaque para dois futuros bispos: Dom Vito Schlikmann e Dom Orlando Brandes. A solene e inesquecível liturgia ocorreu na Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, localidade de Barra da Paleta, município de Mirim Doce, SC.

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Outra imagem, abaixo, clicada por mim, capturada pelo Google e recapturada por mim: Igreja Matriz São Miguel Arcanjo, localidade de Barra da Paleta, município de Mirim Doce, onde fui ordenado padre:

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