Fiquei surpreso quando, pronto para iniciar a santa missa de domingo, às 8h, na Igreja Matriz Imaculada Conceição, Rio dos Cedros/SC, um senhor me informou da morte de um menino, vítima de afogamento no bairro Rio Esperança, localidade distante da sede municipal em torno de 8 km. Trabalho aos finais de semana naquela Paróquia há onze anos, mas naquele momento, não consegui saber qual era a família do menino. Mesmo assim, convidei a comunidade a orarmos para que as dedicadas equipes de buscas encontrassem logo o corpo do falecido. Após essa celebração, subi para Alto Cedro, onde, às 10h, havia missa marcada. Lá, fiquei sabendo do local exata da tragédia e o nome do menino, Isaac, e de sua avó, Adriana, dedicadíssima ministra extraordinária da Eucaristia na Comunidade São Francisco de Sales, no citado bairro Rio Esperança. Há algum tempo atrás, o Isaac sempre vinha com a avó participar da missa na referida capela. E não desgrudava da sua querida avó. Subia ela ao presbitério para desempenhar suas funções, lá ia ele agarradinho à avó ministra. Subia e descia os degraus do presbitério com a desenvoltura própria da sua idade. Era querido por todos os participantes do ato religioso, mesmo quando aprontava alguma peripécia.
Assim, ainda mais motivado, insisti também com a Comunidade Santa Terezinha, em Alto Cedro, para que orássemos pelo encontro do corpo do pequeno. Imagino a angústia dessa avó e de toda a família! Conforme noticiaram os relatos de divulgação, ela estava com o neto, à beira do rio, enquanto ele banhava o seu cachorro. Eram em torno de 14h30. E, de repente, viu o neto sendo engolido pelas águas da forte correnteza. Saiu a pedir socorro. As buscas, no entanto, se prolongaram pelo sábado de tarde, todo o domingo e, até segunda-feira, a busca continuava sem sucesso, mesmo com a utilização de drones, caiaques, mergulhadores, até 9 km rio-abaixo. Também populares, vizinhos, amigos, gente compadecia, percorriam as margens do rio, somando-se à procura. Nessa manhã de segunda-feira, foram retomados os procedimentos de resgate.
Meu pedido nesse momento é que façamos uma corrente de oração para que o menino seja logo encontrado; e a família, vizinhos, amigos e comunidade, possam vivenciar os dignos e consoladores ritos do velório e do sepultamento.
Ainda garoto, presenciei tristes acontecimentos como este. Lembro-me que, naquela ocasião, pessoas tinham uma crença a respeito das buscas pelo falecido. Colocavam uma vela acesa dentro de uma vasilha e simplesmente soltavam ao sabor das águas. Acreditavam que a vela pararia no lugar onde se encontrava o procurado. Não lembro se alguma vez o rito funcionou. Porém, o rio em questão, de muita correnteza e semeado de pedras pequenas e não tão pequenas, racionalmente, desaconselha o procedimento. Embora, pessoalmente, não duvido que uma crença popular desse tipo possa esconder verdadeira dimensão sobrenatural.
Mas a oração confiante, diz o evangelho, “remove montanhas” (Mt 17,20). Então, seja esta evangélica atitude, no dia de hoje, a merecer a nossa “esperança que não engana” (Romanos 5,5) de que o corpo do Isaac seja encontrado.
Leia a notícia publicada no Portal da Cidade – Brusque/SC
Pe. Raul Kestring – Blumenau, 11 de novembro de 2024 – 09h25.