No dia 20 de dezembro, a convite da Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB, Pastor Gilson Ricardo Hoepfner, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, e Padre Raul Kestring, da Igreja Católica ApostóLica Romana – ICAR, conduzimos celebração de Natal no hall de entrada daquela instituição. Em ambiente muito bem preparado, com diversos e bonitos símbolos de Advento e Natal, ali reuniram-se em torno de cinquenta pessoas, funcionários, professores, alunos, para participativo e devoto momento de oração e reflexão. Prestigiaram o ato religioso também o Magnífico Reitor, prof. João Natel Pollonio Machado, e a Vice-Reitora, Profa. Griseldes Fredel Boos.
É digno de nota que, Pastor e Padre, preparamos a celebração com uma equipe representante daquela Universidade.
Publico aqui a reflexão que proferi naquela ocasião:
Num projeto de vida pessoal, comunitário, social, é sempre importante voltar às fontes. A nossa sociedade atual, sua estabilidade e dinamismo, suas esperanças e lutas, tem uma fonte histórica – os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade, da revolução francesa, as orientações filosóficas, políticas, etc, concebidos pelos pensadores ao longo da caminhada da humanidade, principalmente os da nossa cultura, da nossa época.
A Igreja de Jesus, após quase dois mil anos de caminhada, no Concilio Vaticano II, um dos maiores acontecimentos de toda a sua existência, em meados do século XX, quis expressamente voltar às fontes, especialmente à fonte inexaurível da Palavra de Deus e da vida dos primeiros cristãos. Lucas, nos seus Atos, em seus primeiros capítulos, retrata esta vida de fé individual e social.
Recordar e celebrar mais uma vez o Natal, o Natal de 2012, único, irrepetível, creio que pode e deve ser visto como esta característica exigência do ser humano: voltar à fonte da sua vida, dos seus sonhos, dos seus ideais, da sua esperança, da sua realização pessoal e social.
A mensagem fundamental desta festa cristã, mas que irradia seus princípios de amor, justiça e paz por todo o universo, consiste essencialmente na vinda do Deus Encarnado para o meio de todos os homens e mulheres. Compadecido do seu pecado, da sua dor, das suas escuridões, ele quis descer da sua divindade e tornar-se homem, assumindo nossos limites, necessidades, contradições, dúvidas e impotências.
Para nos explicarmos ainda um pouco mais, podemos recorrer à analogia do imigrante. Saindo da sua terra e indo habitar em outra, ele leva consigo sua cultura, seus valores, sua identidade, sua vida enfim. No Natal, Deus veio morar conosco para nos trazer a maneira de viver do Paraíso, onde Ele vive desde toda a eternidade. Não deixou de ser o que ele é, Deus, transcendente, eterno, criador, etc. Quis, porém, até precisar de uma mulher para ser embrião, gente, como nós. Quis precisar de um pai. Para seu desenvolvimento humano integral, também ele não podia prescindir de um amoroso e solícito pai.
Como podemos permanecer na periferia ou na indiferença, de um tão grande e significativo acontecimento histórico. Se muitos fatos da história da humanidade nos comovem e nos incitam em nossas lutas e esperanças, como ignorar ou secundar este fato fundamental? Como recusar um amor assim extremado, louco, de um Deus que tanto se abaixa para conviver conosco, os humanos?
Eu tive a graça de nascer numa família cristã, católica, onde essa luz de fé e de vida já era uma realidade em meus pais, meus avós e cito igualmente meus bisavós que, como filho mais velho, pude conhecer. À medida que ia compreendendo a lição de vida do presépio, que montávamos todos os anos na sala de visitas da nossa casa, fui descobrindo-me chamado a viver e anunciar este acontecimento fundante da humanidade e do mundo. Hoje, mesmo consciente de meus limites e cada vez mais consciente deles, aos 35 anos de vida e missão sacerdotal, posso dizer-me feliz com esta escolha, a de viver e anunciar o mistério redentor, libertador, do Natal.
Conheço um pouco muitos e muitas de vocês e sei que, nesse aspecto humano-religioso, nos sintonizamos pela nossa caminhada de vida. Sei também que uma instituição da categoria da FURB acolhe e serve pessoas de outras crenças. Igualmente muitos funcionários daqui não partilham nossa fé. A seu modo, porém, rezam, sabem que Deus os ama, ajuda, ilumina, fortalece em seus projetos de vida.
Assim, podemos concluir nossa reflexão desta celebração natalina renovando nossa certeza: Deus compadeceu-se da nossa limitação e da nossa dor. Por isso, num momento preciso da história, ele se fez homem e veio morar entre nós, aqui permanecendo ressuscitado, vitorioso sobre todo pecado e todo mal.
E se arriscarmos resumir o núcleo da mensagem deste celeste imigrante, poderemos certamente afirmar: Ele veio para nos dizer que Deus é Pai e nos ama a todos, e veio fazer da humanidade uma só família.
Feliz Natal, meu irmão querido Pastor Gilson! Feliz Natal e Feliz Ano Novo a cada um e cada uma de vocês e seus queridos!
Bênção e envio – Padre e Pastor
Salmo 134: Agora, bendizei ao Senhor,
Vós todos que habitais na casa do Senhor
Durante as horas da noite.
Levantai as mãos para o santuário
E bendizei ao Senhor!
De Sião te abençoe o Senhor,
Ele que fêz o céu e a terra!
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!