Cântico dos novos batizados – São Romano (c. 560)

Quaresma é tempo batismal, de conversão e penitência. Mas também de louvor ao Pai. Por Cristo e no Espírto Santo, tornamo-nos participantes da sua glória.

Nós, os novos batizados, os filhos do batistério que acabamos de receber a luz, damos-Te graças, Cristo Deus. Tu iluminaste-nos com a luz do Teu rosto, Tu revestiste-nos com a veste que convém às Tuas núpcias (Sl 4,7; Mt 22,11). Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.

Quem dirá, quem mostrará ao primeiro homem criado, Adão, a beleza, o brilho, a dignidade dos seus filhos? Quem contará também à infeliz Eva que os seus descendentes se tornaram reis, revestidos de uma veste de glória, e que com grande glória glorificam Aquele que os glorificou, brilhantes de corpo, de espírito e de veste? […] E quem os exaltou? Foi, evidentemente, a sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […]

Tu és brilhante e radioso, Adão. […] Ao ver-te, o teu adversário definha e exclama: Quem é este que vejo? Não sei. O pó foi renovado (Gn 2,7), as cinzas foram divinizadas. O pobre doente foi convidado, foi refrescado, entrou e sentou-se à mesa, foi conduzido ao banquete e tem a audácia de comer e o desplante de beber Aquele que o criou. E quem Lho deu? Foi, evidentemente, a sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.

Esqueceu as suas culpas antigas, não ostenta a menor cicatriz dos primeiros ferimentos. Abandonou os seus longos anos de paralisia na piscina, como tinha feito o paralítico, e deixou de trazer o leito aos ombros, mas traz às costas a cruz Daquele que teve piedade dele […]. Outrora, o Amigo dos homens (Sb 1,6) lavou muitos homens nas águas, mas eles não brilharam assim; àqueles, porém, a Ressurreição tornou-os luminosos. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. […]

Eis-te recriado, novo batizado, eis-te renovado; não curves as costas ao peso dos pecados. Possuis a cruz como cajado, apoia-te nela. Leva-a à tua oração, leva-a para a mesa, leva-a para o leito, leva-a para todo o lado como título de glória. […] Grita aos demônios: Com a cruz na mão, ergo-me, louvando a Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.

São Romano, o Melodista (c. 560), compositor de hinos
Cântico «Os novos batizados», str. 1-5,19 (a partir da trad. SC 283, pp. 343ss.)

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