Na composição do presbitério, conforme a norma litúrgica católica, deve estar em destaque a cadeira presidencial, isto é, a cadeira é ocupada pelo presidente da celebração. Pois, na mesma perspectiva, o ministro ou a ministra que preside o ato religioso representa Cristo. Seja ele ministro ordenado ou não, naquele momento e naquela circunstância, ele tem essa alta atribuição, decorrente do seu batismo. Por este sacramento, toda pessoa torna-se ungida com o sacerdócio comum dos cristãos e, portanto, investido dessa dignidade. Em muitas comunidades, onde o ministro ordenado não está presente para o momento orante, um leigo batizado autorizado pela autoridade eclesial ou pelo consenso da comunidade, senta-se à cadeira presidencial.
Durante a Celebração Ecumênica por ocasião da Semana de Oração pela Unidade Cristã, realizada na recém-revigorada Igreja Matriz Santa Terezinha, Escola Agrícola, Blumenau, no dia 28 de maio de 2025, viu-se a cadeira presidencial vazia. Lá estavam representadas, com seus ministros ordenados, quatro Igrejas diferentes. Inclusive a Sra. Pastora Vice-Sinodal do Sínodo Vale do Itajaí, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, e o senhor bispo diocesano de Blumenau, da Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR, duas autoridades que, por direito, poderiam ocupar o lugar do presidente. No entanto, o distinto lugar estava vazio. Todos se assentaram ao banco, à direita e esquerda da cadeira. Talvez, penso eu, conforme o protocolo celebrativo, aquela seria a cadeira/cátedra do bispo diocesano e, assim, ele deveria servir-se daquele proeminente lugar. Mas ele e a Pastora Vice-Sinodal preferiram assentarem-se ao banco.
À minha mente, vinha a imagem de muitas famílias que, no momento da refeição, deixam uma cadeira vazia para representar um familiar ausente. Já vi também famílias cristãs deixarem o assento vazio para significar a presença de Jesus naquele momento. Trazendo esse costume para um culto ecumênico com participação de diversas Igrejas, o símbolo poderia indicar a presença de Cristo, espiritual, sim, mas não menos verdadeiro, presidente do ato religioso cristão. Servindo-se da analogia do corpo, aplicada à Igreja e seus membros, o apóstolo Paulo ensina que Cristo é a Cabeça da Igreja. Por ele animados e conduzidos, todos aprendemos a ser seus discípulos e discípulas na construção da Igreja e do Reino neste mundo.
Concluindo, a humilde e santa atitude de serviço caracteriza os ministros ordenados e todos os membros da assembleia cristã reunida. Esteja ou não alguém ocupando a cadeira presidencial, o amor recíproco entre todos traz a presença do Senhor ressuscitado, nossa única paz e salvação. Pois “onde dois ou mais estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20), afirma o próprio Senhor e Salvador.
Texto: Pe. Raul Kestring