Aniversário que não dá de esquecer

Hoje, 13 de março, minha falecida irmã Mônica faria aniversário. Seriam 67 anos de existência, três dos quais já vividos na eternidade. Para mim, um dia próprio para recordações e reflexões. Um dia de gratidão a Deus, em primeiro lugar. O Criador e Pai nos colocou lado a lado, como os primeiros de uma família de 11 irmãos. Acordamos para a vida juntos, dando quase os mesmos passos nas descobertas que, sob o cuidado e o carinho dos nossos pais, o crescimento humano-espiritual foi nos proporcionando.

Tenho muito vivo na memória nossas idas à escola, percorrendo, todos os dias, os três quilômetros até a sala de aulas. Éramos apoio e coragem um para o outro. Ela, a segunda filha na família, depois de mim, o mais velho. Alegria de podermos confiar um no outro, naquela fraternidade natural com que fomos agraciados. Depois, nas tarefas domésticas, nos trabalhos agrícolas, através dos quais a família encontrava seu sustento. Muitas vezes ficávamos como guardiães da casa porque minha mãe acompanhava o pai no cultivo do milho, da batata doce, da mandioca, do arroz, no preparo da terra. Nossa tarefa principal era, então, alimentar o fogo do fogão de tijolos, onde o feijão demorava mais do que hoje para cozinhar.

O clima de simplicidade, próprio de uma família pobre, embora tivesse sempre o necessário para viver, esse clima era enriquecido pela fé cristã/católica. Tanto nosso pai como nossa mãe zelavam muito por este aspecto religioso, desde suas famílias de origem, dos nossos avôs. Por sinal, moravam próximos da nossa casa e tínhamos frequentes contatos com eles. Não se saía para o trabalho ou para a escola, de manhã, sem nos reunirmos no quarto dos pais para a oração da manhã, conduzida sempre pelo pai. Aos Domingos e dias santos, a presença na igreja mais próxima era indispensável. Na parte da tarde, visitava-se um parente, um doente ou jogava-se um futebolzinho ou ainda se buscava frutos silvestres nos arredores, como gabiroba, cortiça, ingá, araçá.

À idade suficiente naquela época, deixamos nossa casa para buscar nossos sonhos. Eu entrei no seminário para me tornar padre e ela ingressou no Colégio das Irmãs Catequistas Franciscanas, em Rodeio. Lá permaneceu bons anos, usufruindo da formação integral proporcionada pelas Irmãs, mas num certo momento entendeu que não este o seu caminho. Tanto aproveitou aqueles anos de internato que, voltando para casa, logo assumiu o trabalho de professora numa escola das redondezas.

Pouco tempo depois, casou-se com Gregório Peron, com o qual teve três filhos. Ao encargo de professora, somou o de diretora da escola pública, na qual lecionava. Na Comunidade-Igreja sua participação não foi menor: era Catequista e Ministra extraordinária da Comunhão.

Residindo próxima da casa dos nossos pais, era-lhes apoio e até confortante orientadora.

Vieram depois os netos. A avó Monica se desvelava em carinho e cuidados também por eles. Diz-se que o que uma mãe não faz pelos filhos, fará por seus netos. Não descuidou da formação religiosa deles, igualmente. Sabia que a religião era a herança mais preciosa que poderia deixar à sua família. Ela mesma permaneceu perseverante na fé assumida em seu batismo e demais sacramentos (Eucaristia e Matrimônio) até o final da sua existência.

Ninguém poderia imaginar que um câncer fosse chegando ao seu guerreiro corpo e, devagar, invadindo seu pulmão e outros órgãos vitais. Procurou todos os recursos possíveis. Por um certo tempo, foi declarada curada. Mas a doença voltou e acabou prostrando-a num quarto de hospital, sedada para não sofrer as horríveis dores da implacável enfermidade. E numa noite de janeiro, chegou a já presumida notícia da morte dessa irmã querida.

Mônica, continuamos unidos pela fraternidade de sangue. Mas, muito mais, agora, pela fraternidade em Cristo Ressuscitado, vitorioso sobre toda dor e todo pecado. Nossa oração por você, potenciada pela oração de toda a Igreja, principalmente a santa missa,  leva-lhe os méritos da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.Por tua vez, mana, temos certeza de que de nós não esqueces. De junto de Deus e, pela misericórdia do eterno Pai, de junto de nosso pai Gregório, do mano Maximino e do teu esposo Gregório, sem dúvida alguma, olhas e intercedes por nós, por todos os que fizeram parte da tua vida terrena.

Mana Mônica, feliz aniversário, hoje, em teu novo nascimento, teu verdadeiro Natal! Receba nossas preces especiais neste dia e nossa comunhão em Cristo Jesus, Nosso Senhor e Salvador!

 

 

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