Ana Provesi – cantava no coral do Santuário e, agora, canta no côro celeste

Nos anos de 2002 e 2003, ajudei na Paróquia-Santuário N. Sra. Aparecida, bairro Itoupava  Norte, Blumenau, como vigário paroquial. Pe. João Bachmann era pároco-reitor e Pe. João Bandoch era também vigário paroquial. Ali, num certo momento, surgiu a idéia de  reanimar o Coral N. Sra. Aparecida, sobretudo para colaborar nas missas e eventos da comunidade. Apesar das dificuldades, o coral realmente ressurgiu. Havia muito apoio da comunidade e principalmente cantores dedicados para compôr as quatro vozes mistas.

Foi nessa ocasião que conheci Ana Provesi. Com sua neta Diana, ela só faltava aos ensaios e execuções por motivos suficientes. Gostava mesmo de cantar e gostava de trazer a neta para que, de certa forma, herdasse o verdadeiro ideal do canto sacro-litúrgico.

A partir das caixas de som, próximas à parede, na fila da frente, Ana, de blusa branca, é a terceira cantora

Por diversos motivos, sobretudo pela minha transferência para a então Área Pastoral São Luiz Gonzaga, no Tribess, também em Blumenau, o coral parou novamente. Todos lamentavam a parada, mas para mim não havia realmente possibilidade de continuar com a regência. Deveria renunciar a outras inalienáveis atividades pastorais.

Entre os/as mais inconformadas cantores/as estava a Ana Provesi, que fazia parte do grupo dos sopranos. Ia passando o tempo, mas Ana não deixava de falar aos ex-coralistas que encontrava para voltar a refazer o coral. Foram muitos os seus telefonemas insistentes nesse sentido. Não foram poucas as ocasiões, em que me convidava para ir à sua casa “tomar um café”. E a sua mesa parecia ser extensão do amor que preenchia seu coração: sempre cheia de pão, cucas, bolos, doces, pastelões, assados, sobremesas, tudo preparado por ela mesma. Mas, ali, sua alegria mesmo era relembrar os bons tempos do coral; e, claro, aquele refrão: “Quando vamos recomeçar os ensaios e apresentações?”

Ana e João celebraram bodas de ouro de casamento. A numerosa e bela família, então, fez uma festa bonita. Muito merecida, porque tanto ele como ela, eram inequívocos exemplos de dedicação, amor, fé, para toda a amada família, que já ia se estendendo até os bisnetos!

Ana, com o avanço da idade, viu chegar as consequentes limitações e, entre elas, o diabetes. Depois, em certo dia, teve a infelicidade de, no pátio da sua casa, pisar num prego enferrujado. Foi difícil, mas conseguiu recuperar-se. Um último e grave acidente que sofreu foi a queda do portão de entrada da sua residência sobre seu corpo, que a levou novamente ao hospital. Depois de bom tempo internada, chegou receber alta e voltar para a sua casa.

Logo, em seguida, complicou-se, porém, seu estado de saúde e, no Domingo, dia 15 de julho de 2012, a cantora da vida, da fé, do amor, a cantora de Deus, partia para o grande coro dos redimidos por Jesus, no paraíso.

Imagino Ana, sem a sua caprichada pasta, porque no céu não há necessidade de folhas de canto – imagino Ana no grande coral celeste, sempre atenta ao regente, agora, quem sabe, o grande Regente do céu e da terra, o Senhor Jesus – ali ela abre todo o seu coração e sua voz no eterno hino de louvor ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo, a Nossa Senhora, com os anjos e santos.

Ana Provesi, obrigado pelo teu testemunho de fé, esperança e amor! Obrigado por nos ter amado com tanta candura e sinceridade neste mundo e por ter recebido também o nosso amor. Estas palavras querem ser a nossa recíproca ao amor que continua nos unindo. É o que verdadediramente permanece! Pois “Deus é amor” (1Jo 4,8).

Leia também...