A tristeza que gera a alegria – São João Crisóstomo, presbítero em Antioquia, bispo de

Depois de ter derramado a alegria na alma dos Seus discípulos pela promessa que lhes fez de lhes enviar o Espírito Santo, o Salvador entristece-os de novo ao dizer: «Ainda um pouco, e deixareis de Me ver». Age desta forma para os preparar, através desta linguagem triste e severa, para a ideia da Sua próxima separação; porque nada é mais próprio para acalmar a alma mergulhada na tristeza e na aflição, do que o pensamento frequente dos motivos que produziram nela essa tristeza.

Eles não compreendiam, quer por causa da tristeza que os impedia de pensar no que Ele lhes dizia, quer por causa da obscuridade das próprias palavras, que pareciam conter duas coisas contraditórias, mas que, na realidade não o eram. Pois se Te vemos, podiam eles dizer, como Te vais embora? E, se Te vais embora, como Te poderemos ver?

Nosso Senhor, querendo depois mostrar-lhes que a tristeza gera alegria e, ainda, que aquela tristeza seria curta ao passo que a sua alegria não terá fim, toma a comparação da mulher que dá à luz. Com tal comparação, Ele quer também exprimir, de um modo figurado, que Se libertou dos constrangimentos da morte e que, assim, regenerou o homem novo. E não diz que não haverá tribulação mas que não Se lembrarão dela, tão grande vai ser a alegria que lhe sucederá.

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja Homilia 79 sobre São João

 

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