«Eu sou pela paz; mas quando falo, eles são pela guerra» (Sl 120,7) – Eusébio de Cesaréia

Jesus é a paz e veio reconciliar tanto as coisas da Terra como as dos Céus (Cl 1,20). Se isto é verdade, como podemos compreender o que o próprio Senhor diz no Evangelho: «Não penseis que vim trazer a paz à terra»? O quê! Pode a neve aquecer ou o fogo arrefecer? Pode a paz não procurar a paz? […] O projeto de Deus, quando enviou o Seu Filho, era salvar os homens. E a missão que Ele vinha realizar era estabecer a paz no céu e na terra. Então porque não há paz? Por causa da fraqueza dos que não foram capazes de acolher o brilho da verdadeira luz. […]

Uma filha acreditou, e seu pai permaneceu descrente. Porque mesmo a pregação da paz opera a divisão, «que associação pode haver entre o crente e o descrente?» (2Cor 6,15). O filho torna-se crente, o pai permane descrente. A oposição é inevitável. Onde a paz é proclamada, a divisão instala-se. E é uma divisão salutar, porque é pela paz que somos salvos. […] Eu proclamo a paz, sim, mas a terra não a acolhe. Não é era esse o objetivo do semeador, o qual esperava o fruto da terra.

Eusébio de Cesaréia (c. 265-340), bispo, teólogo, historiador
Sobre a palavra do Senhor: Não vim trazer a paz à terra; PG 24, 1176-1177

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