Meus filhos, vós tendes um coração pequeno, mas a oração torna-o maior e capaz de amar a Deus. A oração é um antegosto do céu, um escoamento do paraíso, que nunca nos deixa sem doçura. É um mel que desce sobre a alma e tudo adoça. As mágoas fundem-se perante uma oração bem feita, como a neve perante o sol. A oração faz passar o tempo com grande rapidez, e tão agradavelmente que não nos apercebemos da sua duração. […]
Vemos alguns que se perdem na oração como peixe na água, porque estão completamente embrenhados em Deus. No coração destes, não há mediadores. Ah, como eu gosto destas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Collette viam o Senhor e falavam com Ele como nós falamos uns com os outros. Enquanto nós, quantas vezes vimos à igreja sem saber o que vimos fazer e o que queremos pedir! E no entanto, quando vamos à casa de alguém, sabemos bem porque lá vamos. Há os que parecem dizer a Deus: «Vou dizer-Vos duas palavras para me livrar de Vós». Penso muitas vezes que, quando vimos adorar Nosso Senhor, obteríamos tudo o que quiséssemos se Lho pedíssemos com uma fé bem viva e um coração bem puro.
São João-Maria Vianney (1786-1859), presbítero, cura em Ars
Catecismo sobre a oração