Presidindo a celebração eucarística de encerramento do I Mutirão de Comunicação (Muticom) do Regional Sul IV, ocorrido nos dias 13, 14 e 15 de maio, Pe. Chico, como é conhecido, antes do Pai Nosso, recordou os três ps dessa oração. Pai, pão e perdão, explicou ele, são três perspectivas eclesiais do Pai Nosso, dizendo que ouvira isso de Dom Angélico Sândalo Bernardino, 1º bispo de Blumenau.
De fato, pai, pão e perdão são realidades fundamentais da vida cristã ou até mesmo da vida humana. Porque temos um Deus que é pai, impõe-se naturalmente a fraternidade entre todos os seus filhos e filhas. Ora, se há um só pai, é evidente que todos sejamos irmãos.
E o pão que pedimos ao Pai para cada dia é sinal da confiança que nEle depositamos. Não só para nós que pedimos, que rezamos, mas para todos os irmãos e irmãs, em qualquer lugar.
Lógico que este pão, em seu significado, não se reduz ao alimento material. Pão é tudo o que faz a pessoa sobreviver, trabalhar, ser feliz.
Pe. Chico falava desses três “ps”, porém, em contexto de trabalho conjunto, no âmbito da Pastoral da Comunicação (PASCOM).
Evangelizar consiste nesse desafio, primeiro em relação aos comunicadores e comunicadoras. O perdão se insere com exigência fundamental na ação comunicadora. Acresce a isso que o integrante da Pastoral da Comunicação é alguém que está comprometido com atitudes eclesiais. Não pode se contentar com critérios, atitudes, comportamentos pessoais. E a atitude de perdão, “perdoar setenta vezes sete”, é condição para que alguém se identifique com qualquer serviço ecelsial.
Desejei aqui fazer ecoar o lembrete muito oportuno do Pe. Chico por ser profundo, pertinente a todos os nossos trabalhos de Igreja, como cristãos, católicos. E também gostaria de sonhar que nossos trabalhos de comunicação, inclusive nas equipes da PASCOM, fossem marcados com verdadeiras atitudes de perdão, começando por mim mesmo. Se não fôr assim, estaremos construindo uma casa sem fundamento. Estaremos fazendo obras que apresentam somente casca: não tem miolo, isto é, são vazias do verdadeiro valor que é o amor, gerado e sempre renovado pelo perdão. São Paulo diria “címbalo que tine” apenas, sem nada permanecer.
Reconheçamos, isso não é nada fácil. Mas não podemos nos eximir desse apelo evangélico. Não podemos deixar de nos ajudar nessa vivência básica de cristianismo, de batizados. Perguntava Pe. Chico: “Se não há perdão entre membros da PASCOM, comunicarão o quê?” Concretamente, no tom da voz, nas palavras respeitosas, sem perder de vista a dinâmica dialógica/trinitária do relacionamento, somos impelidos a amar, mesmo quem errou, mesmo quem nos decepcionou e até nos prejudicou. Pois assim fêz Jesus.
Vou terminando com o pensamento de que o perdão é a grande novidade que Jesus trouxe ao mundo, à humanidade. Outros ensinamentos, os homens já conheciam de primitivas e grandes religiões. O perdão, porém, tornou-se ensinamento novo, claramente trazido pelo Senhor e Salvador Jesus, com a força da sua palavra e ainda mais com seu exemplo. Graças ao perdão, existe o amor. Sem perdão, fica vazio o “mandamento novo” proclamado pelo Mestre.
Temos, portanto, o mesmo Deus-Pai. Por isso, somos todos irmãos e irmãs, uma família. Se assim queremos ser, a atitude de perdão torna-se exigência fundamental. E esta se expressará no pão para todos; e não só para alguns.