3º Domingo do Tempo Comum/Ano B – Pescadores de gente

1ª Leitura: Jn 3,1-5.10
2ª Leitura: 1Cor 7,29-31
Evangelho: Mc 1,14-20

PESCADORES DE GENTE

Muitos jovens dentre aqueles que demonstram sensibilidade aos problemas dos seus semelhantes encontram-se diante de um dilema: continuar dentro do projeto de sua família ou dispor-se a um serviço mais amplo, lá onde a solidariedade o exige…

Foi um dilema semelhante que Jesus causou para seus primeiros discípulos (evangelho). Jesus estava anunciando o reinado do Pai celeste, enquanto eles estavam trabalhando na empresa de pesca do pai terrestre. Jesus os convidou a deixarem o barco e o pai e a se tornarem pescadores de gente.

O Reino de Deus precisa de colaboradores que abandonem tudo, para catarem a massa humana, que necessita do carinho de Deus. Deus quer proporcionar ao mundo seu carinho, sua graça. Não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva. Provocar tal conversão na maior cidade do mundo de então, em Nínive, tal foi a missão que Deus confiou ao “profeta a contragosto”, Jonas (1ª leitura). Os ninivitas creram em Deus, acolheram o apelo de conversão, e provaram a misericórdia de Deus, que é oferecida a todos os povos… Também Jesus convida à conversão, porque o Reino de Deus chegou (Mc 1, 14-15). Para ajudar, chama pescadores de gente. Tiramos daí três considerações:

– Deus espera a conversão de todos, para que possam participar de seu reino de amor, de justiça e de paz.

– Para proclamar a chegada do seu reinado e suscitar a conversão, o coração novo, capaz de acolhê-lo, Deus precisa de colaboradores, que façam de sua missão a sua vida, inclusive às custas de outras ocupações (honestas em si);

– Mas além dos que largam seus afazeres no mundo, também os outros – todos – são chamados a participar ativamente na construção desse Reino, exercendo o amor e a justiça em toda e qualquer atividade humana.

É este o programa da Igreja, chamada a continuar a missão de Jesus: o anúncio da vontade de Deus e de sua oferta de graça ao mundo; a vocação, formação e envio de pessoas que se dediquem ao anúncio; e a orientação de todos a participarem do Reino de Deus, vivendo na justiça e amor. O Chamado continua hoje: Cada um de nós recebeu e recebe continuamente esse chamado à conversão e a seguir Jesus. O texto é um Modelo de toda vocação cristã: É sempre uma iniciativa de Jesus dirigida a pessoas “normais”. Não aconteceu enquanto estavam rezando ou fazendo algo de extraordinário, mas enquanto estavam simplesmente exercendo a sua profissão (pescando).

Jesus usou a experiência dos pescadores como base para elevá-los a outro nível de “pescaria”: “farei de vocês pescadores de Homens”. A Igreja pode seguir o mesmo modelo: partir da experiência humana, profissional, social, cultural, para orientar as pessoas à grande pescaria. Sem essa base humana, os anunciadores parecem cair de pára-quedas no mundo ao qual eles são enviados, parecem extraterráqueos. Mas se aproveitam a experiência de vida que têm, “conhecendo o mar do mundo”, poderão recolher gente para Deus. Para Paulo, ser apóstolo é fazer da própria vida um anúncio do Evangelho: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16). Ele não faz apostolado, oito horas por dia, fim de semana livre, férias e décimo terceiro… Ele é apóstolo, “apóstolo 24 horas”. Faz até coisas que não precisaria fazer: ganhar seu pão com o próprio trabalho manual, dispensar a companhia de uma mulher etc. Faz tudo de graça, para não provocar a suspeita de proveito próprio. Porque sua maior recompensa é a felicidade de anunciar o Evangelho gratuitamente. O Evangelho é sua vida.

Cristo continua dirigindo ainda HOJE o mesmo apelo: “Vinde após mim, farei de vocês pescadores de homens…”. Se tivermos medo, se nos sentirmos incapazes para tanto, olhemos esses pescadores da Galileia… pobres e ignorantes, mas com uma generosidade sem limites… Largaram tudo e seguiram a Jesus… A nós também, ele continua exigindo as mesmas condições, para poder segui-lo: “Convertei-vos e crede no evangelho…”. Quando percebemos o chamado de Jesus, o que tivemos de abandonar, que laços tivemos de romper para seguir Cristo?

Pe Osmar Debatin

Fonte: Site Diocese de Rio do Sul

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