Nasci no ano de 1950, quando a região de Mirim Doce pertencia ao município de Taió. Emancipado, Mirim Doce passou a ser a minha terra. E gosto de cultivar amor, reconciliação, oração por esta pedacinho de chão. Penso que não podemos dizer que amamos nossa Pátria se não amamos a terra que nos viu nascer, nos acolheu e nos nutriu.
Passou uma semana da catástrofe. Os noticiários, por mais realistas que tenham sido, não fizeram dar-me conta realmente do tamanho da calamidade na minha querida terra.
Nesta manhã, conversando com meu pai – moramos em Blumenau há bastante tempo – ele me falava do relato, via telefone, do meu irmão que mora em Táió.
Aí parece que me “caiu a ficha”. A tragédia foi grande, maior do que imaginava. Nunca se viu algo semelhante por aquelas regiões.
Arrozais destruídos, pontes carregadas pelas águas, casas cobertas pela enxurrada – felizmente não houve mortes, como infelizmente ocorreu em outros lugares do nosso amado Brasil.
Agora, uma semana depois, o perigo de doenças, a lama que chega a um metro de altura pelas ruas e casas, pessoas que perderam tudo e dependendo da solidariedade dos irmãos e irmãs, de instituições e lideranças governamentais.
Mas ouço o coração inspirado pela fé e gostaria que meus conterrâneos ouvissem também: “Não é hora de desânimo”. Não se perdeu a vida. É preciso reunir forças, valentia, fraternidade, para recomeçar. É assim: a vida é sempre um novo recomeçar. Foi a lição que nos deixaram nossos pais, imigrantes de outras terras em busca de vida melhor para suas famílias. Feliz de quem está pronto para recomeçar!
Invoco o Padroeiro da Comunidade Católica/cristã de Mirim Doce! Que ele, de junto de Deus, na eternidade, onde não há mais dor e pranto, nem catástrofes e perdas, envie luz, coragem, espírito humanitário e solidário. E Mirim Doce se erga do chão para ficar mais bela do que antes.
O milagre da ressurreição será possível porque acreditamos em nós mesmos e em Deus, Aquele que tudo pode.