Hoje celebro o 37º aniversário desta graça que, imerecidamente, me foi concedida. Ao mesmo tempo, um compromisso de fidelidade a Deus, aos irmãos, à Igreja, que, até esta data, igualmente por graça, honro.
Com dois pensamentos, vivo este dia. Primeiro, programei-me para levar meu pai ao médico. Aos 87 anos de idade, às portas de completar 88 (dia 27.12), ele necessita de radioterapia por um pequeno tumor de pele. Vai fazer a biópsia, nesta tarde, para se encaminhar ao recomendado tratamento que inclui 20 sessões deste procedimento médico. As chances de cura são quase totais porque seu acompanhamento médico é frequente e o diagnóstico precoce é determinante para a cura.
Mas este fato me coloca diante do mistério da dor, da cruz, que envolve meus pais e, de alguma forma, todas as famílias, todos nós, humanos. O segredo do sacerdote é sua conformação à cruz, à cruz redentora de Jesus. Talvez seja este o testemunho cristão e sacerdotal de que o mundo de hoje mais necessite. Não é porque somos meio masoquistas, porque gostamos do sofrimento. É a nossa mais concreta realidade. Nossa existência, garante-nos a própria filosofia, na sua essência, é marcada também pelo sofrimento. Jesus veio a este mundo porque ouviu “nossos clamores”. Aí reside a grandeza de seu gesto de amor redentor, gratuito, universal. Diante do sofrimento de meu pai e de minha mãe, de minha família, e de todos os que, neste dia, carregam a cruz da dor, na suas mil e uma formas, renovo esta escolha por Jesus crucificado e abandonado. Ele é consolo, luz, alegria.
Um segundo pensamento que me alimenta a alma sacerdotal, nesta significativa data, é que meu sacerdócio é mariano. Isso significa que tem por modelo Maria, a serva do Senhor. “Todas as gerações a proclamam bendita” – não porque ela fez “grandes coisas’, mas “Deus fez em mim grandes coisas” – cantou ela em seu “Magnificat”.
O sacerdócio de Cristo configura-se em três verbos: anunciar, santificar, guiar, ou seja nos três serviços (múnus): sacerdotal, profético e régio. Não se centra, porém, nEle. Centra-se na vontade do Pai. Hoje, então, renovo aquele programa de vida de Maria: “Faça-se em mim segundo a vossa vontade”. Assim, doar ao mundo Jesus, não só pela Eucaristia, mas sobretudo pela vida, pelo amor a Deus, aos irmãos e à natureza. Enfim, tornando-se Eucaristia. Realizar o desejo do coração de Jesus: “Pai que todos sejam um para que o mundo creia” (Jo 17,21) – o lema de ministério que escolhi.
Abraço a você, irmão/ã, companheiro/a internauta!
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