No dia 10 de agosto de 2012, na igreja paroquial da Paz (IECLB), bairro Velha, em Blumenau, realizou-se celebração ecumênica alusiva à Semana do Advogado, cujo dia transcorre em 11 de agosto. Elaborou-se um roteiro próprio, que foi multiplicado e, assim, todos puderam participar efetivamente das orações e dos cantos. Pastor Dieter Juergen Thiel, presidente do Núcleo Ecumênico de Blumenau e pároco da Igreja do Caminho, na Velha Central, Blumenau, e Pe. Raul Kestring, coordenador da Pastoral da Comunicação da Diocese de Blumenau e responsável pelo Movimento Ecumênico na mesma Diocese, animaram o mesmo culto. P. Dieter proferiu a homilia que, com sua permissão, vai aqui publicada para a edificação de todos nós:
Quero parabenizar a Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Blumenau pela iniciativa deste Culto Ecumênico. É muito bonito e significativo que vocês reúnem os advogados e as advogadas na Casa do Senhor para celebrar a Semana do Advogado. Agradecer a Deus e buscar a orientação na sua Palavra é um gesto de humildade, mas também de grandeza. Pois significa que se dá valor à comunhão com Deus; significa que reconhecer que nem tudo está em nossas mãos e que também não temos que fazer a vida sozinhos. Mas que podemos colocar tudo nas mãos de Deus e buscar ajuda na sua Palavra.
Ouvimos duas histórias bíblicas, Amós 7.7-8 e Lucas 17.11-19.
A história de Jesus ensina a agradecer. Somente um dos dez leprosos curados por Jesus voltou para agradecer, e este nem fazia parte do povo de Jesus. Ele era samaritano. E os outros nove que eram do povo de Jesus, que eram dos nossos? Por que não vieram agradecer? Na Comunidade onde trabalho, em nossas reuniões de diretoria e conselho, muitas vezes, nós fazemos a pergunta: E os outros? Onde estão os outros, os nossos irmãos e as nossas irmãs, que não aparecem para agradecer? Por que são tão ingratos? A gratidão é uma virtude que anda esquecida. Muitos não se lembram de agradecer, porque deixaram de manter comunhão com Deus e não buscam mais critérios e forças para a sua vida na oração e na Palavra.
Essa atitude tem conseqüências na vida pessoal, familiar e social – a vida fica torta e corre perigo de desabar. É disso que fala a outra história bíblica, a de Amós.
O profeta Amós vinha do interior onde cuidava de ovelhas e cultivava sicômoros (7.14). Ele foi chamado por Deus para pregar em favor de uma sociedade e de uma religião voltada para o alto, que ouve Deus em primeiro lugar.
O profeta Amós recebeu a mensagem de Deus por meio da visão de um prumo: “O que é que estás vendo, Amós? – Um prumo, respondeu Amós.
(O prumo) O prumo é uma ferramenta, um peso suspenso por uma corda, importante ferramenta de trabalho de um pedreiro. O pedreiro usa esta ferramenta para construir paredes perfeitamente verticais. Parede torta não fica de pé. Cai.
Pois a realidade do povo de Deus era como parede construída fora de prumo. O povo de Deus não andava direito, não estava voltado para o alto, não mantinha comunhão com Deus e não buscava orientação na sua Palavra – era como parede torta – iria cair. Esta é a visão que Deus deu a Amós. E Amós tinha que anunciar esta mensagem de Deus para que houvesse mudança e transformação.
Nos tempos de Amós, por volta de 760 a 750 a.C. (1.1), Israel tinha feito muitos progressos econômicos. Mas somente uma parte da população desfrutava destes progressos. Era a parte dominante, que tinha aumentado seu luxo e seu poder econômico por caminhos tortos, com roubo, corrupção , idolatria e exploração da população. Ora, este tipo de progresso é como fazer parede torta – um dia a casa cai. Era precisamente esta a mensagem que Amós tinha que anunciar. A casa vai cair. E essas coisas realmente aconteceram em 732 e 722 a.C. quando os assírios conquistaram Israel e sua capital Samaria.
Irmãos, irmãs! E hoje? Se Deus viesse ao nosso encontro numa visão e pedisse para olharmos a nossa vida e o nosso mundo no prumo da palavra de Deus e do ensino de Jesus, o que veríamos? Eu acho que ficaríamos surpresos em ver quanta coisa anda torta por aí. Na vida da gente, das comunidades, na sociedade em que vivemos tem muita coisa que não combina com os mandamentos de Deus e o ensino de Jesus. É por isso que tem tanta vida desmoronando por aí e sabe Deus quanta coisa ainda vai desmoronar.
Valores e princípios que vem da Palavra de Deus, bem como a justiça são fundamentais para uma vida e uma sociedade saudável. Advocacia é promover o direito, a justiça. Direito, justiça tem a ver com Deus, com amor; a defesa de quem erra tem a ver com a misericórdia de Deus; advocacia não é só profissão, também é chamado, é vocação.
Acredito que é isso o que a OAB celebra aqui nesta noite – que o direito também é chamado, vocação, que brota da relação com Deus.
Todos nós somos construtores. Edificamos a própria vida, a família, os grupos dos quais participamos e a sociedade. Para isso precisamos do prumo, da oração e da Palavra. Caso contrário, a vida ficará torta e corre perigo de desabar. Às vezes é assim que queremos endireitar o mundo, mas não queremos nos endireitar.
O meu desejo aos irmãos e às irmãs: que a disputa, a competitividade e o mercantilismo de nossos dias, não apaguem o sonho de vocês de promover o direito e a justiça. E que Deus, do seu templo no céu, escute as orações de vocês, e ajude e proteja vocês na missão do direito que também tem a ver com o amor de Deus pelo ser humano. Que Deus ilumine vocês com a luz do Espírito Santo para que sejam criativos na busca do direito. Que Deus os abençoe para que possam reinar a justiça e a paz. Amém.