Eu já pensei na minha tumba – E você, já pensou também?

Crédito: Pe. Raul Kestring

Sim, eu já manifestei em pequeno testamento a minha concordância com a cremação do meu corpo após a “Irmã morte” me buscar. Ao mesmo tempo, submeto essa prática exequial por mim acolhida àqueles que, para mim, representam a vontade de Deus, isto é, o meu bispo ou outro sacerdote por ele delegado. Pois Jesus Cristo mesmo diz aos apóstolos e seus sucessores: “Quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16). Assim, desde já, aceito de boa vontade o que for decidido pelo meu bispo a respeito dos meus restos mortais, seja a cremação ou o sepultamento em uma cova na terra.
Acredito na ressurreição do corpo, como o glorioso apóstolo Paulo fortemente nos garante: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé. Se os mortos não ressuscitam estaríamos testemunhando contra Deus, pois ele ressuscitou Cristo. Assim, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem valor algum e ainda estais nos vossos pecados. Então também pereceram também os que morreram em Cristo. Se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos dentro os seres humanos os mais dignos de compaixão” 1Cor 15,14-19).
E você, amigo/irmão/irmã, já pensou na sua tumba? Os santos dizem que a certeza da morte não deve causar-nos desânimo ou desesperança. Pelo contrário, deve nos infundir coragem e perseverança na fé em destino eterno tão consolador. Confessar a fé na ressurreição de Cristo e na nossa ressurreição torna-se, dessa maneira, segredo de vida cristã autêntica, na alegre expectativa dessa promessa divina de imortalidade no paraíso.
O tempo do Advento, nesse sentido, apresenta-se como momento de graça, propício para renovarmos essa profissão de fé: “Creio na ressurreição dos mortos e na vida terna”!
A imagem que você vê como ilustração desse pequeno texto, eu a capturei na manhã de sábado, 30 de novembro, quando celebrávamos a missa de ordenação de dezesseis novos diáconos permanentes, presidida e animada pelo nosso bispo diocesano Dom Rafael Biernaski, na Catedral São Paulo Apostolo, Blumenau. Nesse ato religioso, aos padres foi reservado o espaço logo atrás da bonita imagem de Nossa Senhora do Bom Parto, no presbitério da Catedral, à direita do altar. Dali, eu, de vez em quando, dirigia o meu olhar para aquele retângulo diferenciado por mármore um pouco mais escuro e rodeado por cordões de cor bordô. Talvez você não saiba: ali será será sepultado, no dia que Deus determinar, o nosso amado bispo emérito de Blumenau, Dom Angélico Sândalo Bernardino. Foi vontade expressa dele, publicada em santa missa na nossa Catedral, pelo nosso atual e querido terceiro bispo diocesano de Blumenau, Dom Rafael, de nosso primeiro bispo diocesano ser sepultado em Blumenau. Alguém poderá objetar que a imagem da mãe do céu dará as costas para seu filho bispo. Não, Dom Angélico, assim, nos certificará que a sua mãe celeste e “sua madrinha”, como ele afirmava, vai passando na sua frente ao encontro do Eterno Pai.
Assim, igualmente, com o vigor do seu testemunho de fidelidade a Cristo e à Igreja, ele continuará dizendo para todos nós a palavra de Jesus que gostava de sempre repetir: “Sede fortes na fé, alegres na esperança e pacientes na tribulação” (Rm 12,12). Ou aquela outra sua afirmação que se popularizou: “Quem não reza vira bicho; e bicho feio!” Talvez você que acaba de ler esse escrito lembre de mais alguma palavra edificante do primeiro bispo diocesano da Diocese de Blumenau. Anote, por gentileza, nos comentários abaixo!
Pe. Raul Kestring – Blumenau, 02 de dezembro de 2024

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