Ressurreição e revitalização – uma pergunta instigante

Recebi do meu amigo Rodolfo Nolli uma pergunta instigante:

“Que tipo de ressurreição experimentaram aqueles santos que ressuscitaram quando Jesus expirou sobre a cruz? Mateus diz: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; e abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos” (Mat. 27:50-53).”

Aqueles que voltaram à vida quando Jesus morreu na cruz, aos quais se refere a pergunta do meu amigo Rodolfo Nolli, sem dúvida não ressuscitaram definitivamente. Tiveram que passar por uma outra morte, a passagem definitiva para a eternidade.

Não foi diferente para outras pessoas a quem Jesus restituiu a vida. Entre elas talvez o caso mais surpreendente seja o de Lázaro. Estava morto há quatro dias e já cheirava mal, em estado avançado de decomposição (Cf Jo 11,39).

Também esse tipo de prodígio tinha a finalidade de evidenciar a divindade de Jesus, a “glória de Deus” (Jo 11,40). Provocar a fé de que ele ero o Messias, o Filho de Deus vivo.

Para esse tipo de volta à vida de uma pessoa morta, há teólogos que evitam o termo ressurreição por que, na verdade, a ressurreição verdadeira só se dará na vida eterna, definitiva, sem volta para a existência terrena.

Sugere-se, então, o termo “revitalização”. Aqueles mortos foram revitalizados para demonstrar que Jesus tinha e tem poder também sobre a morte. Ele venceu e vence a morte com sua paixão, morte e ressurreição.

Não se pode deixar de lembrar que a pessoa convertida do pecado, da separação de Deus, igualmente é revitalizada. Recebe uma vida nova, pois estava no caminho da morte, da condenação eterna.  Por mais que exaltemos a misericórida e o amor de Deus, a condenação eterna de um pecador é uma possibilidade referida diversas vezes nos Evangelhos. E dessa eterna desgraça temos que fazer de tudo para escapar, para fugir, buscando viver a nova Lei do Amor e da Salvação, inaugurada por Jesus.

Assim, vivemos desde já na ressurreição, pois o Senhor declara:”Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá; e quem vive e crê em mim não morrerá jamais” (Jo 11,25).

Essa expressão “mesmo que esteja morto”, com certeza não se refere somente à morte física. Também refere-se à morte que o pecado grave provoca.

Incrível, podemos concluir então que seja possível àqueles que ressuscitaram no dia da morte de Jesus, aos quais se refere o Rodolfo em sua inteligente pergunta, terem-se sido condenados na outra morte pela qual passaram. Pode ocorrer a qualquer um de nós que recebamos um milagre, um benefício divino e nos percamos eternamente. O milagra não é tudo. É São Paulo quem nos diz que a coisa mais im-portante da vida de fé é perseverar no amor.  Leia em 1Cor 13,1-13, o hino ao amor. Leia também Mt 25, 31-46, onde vemos que seremos julgados pela perseverança no amor ao necessitado, no qual faz-se presente o Senhor Jesus.

Jesus já advertia nos seus ensinamentos: não devemos ir atrás dele só por causa dos milagres e prodígios. Precisamos assumir a sua proposta de vida e santidade. Isso sim, nos garantirá a salvação eterna, a ressusrreição feliz e definitiva.

Um grande abraço a você, Rodolfo, e a todos os que, aqui, me acompanharam nessa breve mas importantíssima reflexão.

 
1

Leia também...