“Nunca vi meu pai com raiva ou ódio” – Samantha Kestring, na homenagem ao seu falecido pai

 Mensagem escrita por Samantha Kestring a seu recém-falecido pai Maximimo (56 anos de idade) e por ela proclamada na Missa de Sétimo dia. Presidido pelo irmão do mesmo extinto, o ato religioso foi realizado na Igreja Matriz da Santíssima Trindade, em Florianópolis, no dia 29 de fevereiro de 2012, quarta-feira, às 18h. É interessante observar que aquela igreja era assiduamente frequentada pelo Maximino.

“Hoje pretendo dizer algumas palavras de saudade e de consolo. Nesses anos todos em que tivemos o meu pai conosco, o que mais nos prende à memória são a sua disposição incansável para o trabalho e sua devoção à família. Como esquecer os atalhos que ele sempre pegava nas viagens, o churrasquinho que só ele fazia, a sopinha quase diária, sempre com uma fruta para oferecer e aquela dormidinha com a tv ligada. E do último natal e ano novo com a família toda reunida e ele todo orgulhoso.. Nunca vi meu pai sequer com raiva ou ódio de quem ou o que quer que fosse. Foi o melhor filho, o melhor irmão, o melhor marido, o melhor pai, o melhor avô. Jamais esperávamos que ele fosse tão cedo. Mas, um dia, nossos entes queridos se vão. Quando menos esperamos e sem nenhum aviso, Deus tira de nós o que mais amamos. 

Qual a resposta para essa dor?

O tempo e uma certeza: quando amamos, transmitimos esse amor em pequenos atos e gestos. As palavras não importam mais. Quando precisamos de alguém, sentimos sua presença, e as palavras não têm mais sentido; quando nos sentimos sós e abandonados, surge uma palavra ou um gesto e descobrimos que nunca estaremos sós.

E a culpa por não poder ter feito mais?

A culpa é da vida, que tem início, meio e fim. A nossa culpa está apenas em amar tanto e sentir tanto perder alguém. Porém, o tempo é remédio e nele conquistamos o consolo. Com o seu passar, o pesar dá lugar à lembrança dos bons momentos. E, com um pouco mais de tempo, transformamos nossos entes queridos em eternos companheiros.

No fim, fica uma saudade e uma outra certeza: não importa onde estejam, eles estarão sempre conosco.

Gostaria de encerrar com as belas e sábias palavras (atribuídas anota Pe. Raul Kestring) de Santo Agostinho:

 “A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

 Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.”

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